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SONHO GRANDE

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mundo para preservar o caixa da Americanas – uma decisão da qual jamais se<br />

arrependeram. Sem os sócios locais, a operação brasileira do Walmart levou quase<br />

uma década para finalmente entrar nos eixos.<br />

Quando a separação do Walmart foi formalizada, Beto Sicupira já estava<br />

afastado do dia a dia da Lojas Americanas. Em 1993 ele havia deixado o posto de<br />

principal executivo da companhia para se dedicar à formação da GP Investimentos,<br />

o primeiro fundo de private equity do Brasil (o empresário permaneceu como<br />

presidente do conselho da varejista). Desde então, o comando da Lojas Americanas<br />

passou para as mãos de José Paulo Amaral. Para Beto, depois de uma gestão que já<br />

completava quase cinco anos, era o momento de fazer uma nova sucessão na<br />

companhia – e assim dar oportunidade para que os mais jovens ascendessem. Sua<br />

ideia era fazer de Amaral sócio da GP Investimentos, onde a experiência do paulista<br />

como executivo poderia ser bem aproveitada.<br />

A lógica seria perfeita se Amaral estivesse de acordo com o plano – o que não era<br />

o caso. Para o executivo, sair da administração direta de uma grande companhia e<br />

se enar num fundo de investimentos representava o primeiro passo para a<br />

aposentadoria. Ele queria continuar mergulhado em uma operação em vez de<br />

acompanhar à distância o desempenho de um punhado de empresas.<br />

O impasse em relação ao futuro de Amaral foi o primeiro elemento a minar a<br />

relação entre os dois amigos. O outro foi denir quem substituiria Amaral no futuro.<br />

O candidato de Beto Sicupira era Fersen Lambranho, um carioca formado em<br />

engenharia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e com mestrado em<br />

administração no Coppead. Ele havia ingressado na Lojas Americanas aos 24 anos,<br />

no mesmo mês em que Amaral começou a dar expediente. Amaral tinha outra<br />

preferência, o também engenheiro Luiz Meisler, responsável pela área de tecnologia<br />

da varejista (que se tornou vice-presidente executivo para a América Latina da<br />

Oracle).<br />

A personalidade de Fersen, como é conhecido, lembrava em muitos aspectos a de<br />

Beto Sicupira: “mão na massa”, incansável, truculento, ambicioso. Como<br />

responsável pela área nanceira da Americanas, ele teve chance de fazer uma espécie<br />

de estágio no Garantia, o que lhe rendeu uma imersão valiosa na cultura do banco<br />

(por causa dessa proximidade, Fersen é a única pessoa que não trabalhou no<br />

Garantia a ser convidada para os almoços de confraternização entre os ex-sócios<br />

promovidos por Rogério Castro Maia). “O Beto foi 100% decisivo na minha<br />

formação”, diz Fersen.<br />

Amaral e o pupilo de Beto tinham visões muito diferentes de como a companhia<br />

devia ser administrada. Nenhum deles escondia o conito. Numa ocasião,<br />

aproveitando que Amaral estava em viagem, Fersen procurou Beto para falar sobre<br />

a necessidade de investir na área de logística, de modo a tornar a empresa mais<br />

eciente. O chefe lhe deu carta branca e o jovem contratou a consultoria McKinsey<br />

por 1 milhão de dólares para redesenhar a operação. Quando soube da contratação,

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