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– e entregar a Quilmes de bandeja não fazia parte de seus planos. Os holandeses<br />
chegaram a entrar com um pedido de arbitragem na Câmara Internacional de<br />
Comércio, em Paris, para tentar barrar a compra da cervejaria argentina pela<br />
Ambev. Não conseguiram. A Ambev levou a Quilmes e, meses depois, ainda<br />
arrematou os 15% dos holandeses.<br />
Cercada por montanhas, a cidade de Boulder, no estado americano do Colorado,<br />
abriga pouco mais de 100 mil habitantes. Há mais de uma década, os executivos e<br />
os controladores da Ambev viajam para esse lugar pacato para participar de um<br />
workshop com Jim Collins, autor de livros considerados clássicos do mundo dos<br />
negócios, como Feitas para durar e Empresas feitas para vencer. Collins é um velho<br />
conhecido de Jorge Paulo Lemann.<br />
Nas reuniões que conduz em Boulder com Jorge Paulo e sua equipe, Collins se<br />
vale do método socrático: faz perguntas e ajuda os interlocutores a chegarem às suas<br />
próprias conclusões. Durante o workshop realizado em dezembro de 2002, uma das<br />
questões levantadas por Collins deixou Marcel Telles especialmente perturbado. O<br />
guru perguntou ao grupo qual era o grande problema da Ambev. Marcel pensou por<br />
alguns instantes e deu a seguinte resposta: “O grande problema é que temos gente boa<br />
pra caralho e uma diretoria novíssima. E eu não quero perder esses caras<br />
maravilhosos que a gente está formando.” Marcel percebeu que os jovens ambiciosos<br />
que se dedicou a formar não aguardariam oportunidades de ascensão na carreira<br />
por muito tempo. A conclusão era inevitável: ou a companhia crescia num salto e<br />
dava chance para mais gente subir, ou perderia alguns de seus melhores<br />
prossionais. A Ambev precisava de um movimento maior e mais rápido do que as<br />
aquisições na América Latina. Marcel Telles achou que era o momento de marcar<br />
um encontro com um antigo conhecido, Alexandre van Damme, membro de uma<br />
das três famílias controladoras da cervejaria belga Interbrew, fabricante das marcas<br />
Stella Artois e Beck’s.<br />
Os dois haviam se conhecido em 1995, no escritório do banco Lazard em Nova<br />
York. À época, tanto a Brahma quanto a cervejaria europeia “namoravam” à<br />
distância a Anheuser-Busch. Nenhuma reunia condições de comprar a gigante<br />
americana naquele momento, mas os banqueiros do Lazard pensaram que não<br />
havia mal algum em colocar os controladores da Brahma e da Interbrew na mesma<br />
sala.<br />
Aquelas conversas deram em nada, mas Marcel e Van Damme passaram a