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SONHO GRANDE

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– primeiro com participações muito pequenas e aos poucos ganhando cada vez mais<br />

espaço. Manter uma parceria tão duradoura é uma das grandes chaves do sucesso<br />

desses empresários. Como eles conseguiram isso?<br />

Desde o início os papéis caram claramente estabelecidos. No Garantia, Jorge<br />

Paulo sempre foi o estrategista; Marcel, o chefe da mesa, e Beto, o homem dos novos<br />

negócios. Embora boa parte dos funcionários se referisse a Jorge Paulo como o<br />

“patrão”, pois ele sempre foi o maior acionista, Marcel e Beto tinham autonomia.<br />

Um não interferia no trabalho do outro, ainda que eles trocassem ideias e opiniões.<br />

Em todas as iniciativas que vieram depois do Garantia – Lojas Americanas,<br />

Brahma, Burger King etc. – essa mesma receita foi mantida. Quem é o “dono” de<br />

um negócio toma as decisões e assume os riscos. “Eles provavelmente já engoliram<br />

muito sapo uns dos outros, mas nunca deixaram que isso abalasse a sociedade”, diz<br />

uma pessoa próxima ao trio. Para o empresário Jorge Gerdau Johannpeter,<br />

presidente do conselho da gaúcha Gerdau e que os conhece desde a década de 80, os<br />

três logo perceberam que trabalhar juntos seria uma fórmula de sucesso. “Cada um<br />

tem um perl diferente, mas eles reconhecem que essa é uma das forças do<br />

triunvirato. Eles se complementam. Separados provavelmente não teriam chegado<br />

aonde chegaram”, opina Gerdau.<br />

Essa anidade tem como base uma série de valores comuns. Uma conversa com<br />

Jorge Paulo, Beto ou Marcel sempre será pontuada pelas mesmas referências. Os três<br />

acreditam que, para ser vencedora, uma empresa deve recrutar gente boa, preservar<br />

a meritocracia e dividir o sucesso com os melhores. Todos valorizam a simplicidade<br />

e não dão a menor bola para hierarquia. Estão mais preocupados em construir<br />

empresas duradouras do que em aparecer em listas dos empresários mais ricos do<br />

mundo. Eles podem ter estilos diferentes – um antigo sócio do Garantia que mantém<br />

contato com o trio diz que, no trato pessoal, Beto é durão, Marcel é “so” e Jorge<br />

Paulo é “so, so, so” – , mas, no conteúdo, seus discursos são praticamente os<br />

mesmos. Anos atrás Marcel resumiu o segredo dessa convivência: “A gente sempre<br />

teve um sonho em comum... E sempre respeitou quem está tocando um negócio...<br />

Deixamos o cara ir em frente. É claro que está implícito que, se o barco afundar, ele<br />

afunda junto...”<br />

Para o megainvestidor Warren Buffett, ele próprio protagonista de uma longeva<br />

sociedade com o advogado Charlie Munger na Berkshire Hathaway, há mais um<br />

fator importante na perpetuação da parceria entre os brasileiros. O trio, segundo ele,<br />

conseguiu escapar das batalhas de egos, armadilhas comuns em que caem muitos<br />

homens de negócios.<br />

“Você não pode competir com seu sócio, não pode se importar com quem levará o<br />

crédito por um negócio. A ideia de que um tem que ganhar não funciona em nenhum<br />

relacionamento – sociedade ou casamento. Ninguém desse grupo de brasileiros busca<br />

o crédito para si. Ao contrário. O sucesso da AB InBev, por exemplo, Jorge Paulo diz<br />

que é mérito do [Carlos] Brito e de sua equipe. Isso não é comum por aí. Algum

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