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SONHO GRANDE

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Honoré. A localização era prática – menos de 500 metros de distância separam o<br />

hotel do escritório do Lazard – e discreta. Em cerca de um mês eles se reuniram<br />

quatro vezes no hotel parisiense. Falaram ao telefone outras tantas vezes. Foi quando<br />

a negociação empacou. O negócio proposto se baseava em troca de ações e não em<br />

dinheiro, portanto uma questão fundamental era avaliar quanto os donos da Ambev<br />

teriam da nova empresa. Nesse quesito, as expectativas de ompson e de Laan<br />

eram um bocado diferentes. “Tivemos uma primeira bateria de conversas e não<br />

chegamos a um acordo”, lembra Thompson.<br />

Passaram-se dois meses sem que os dois interlocutores se falassem, até que, em<br />

setembro de 2003, Laan telefonou para o brasileiro e sugeriu que voltassem a<br />

conversar. Thompson retornou ao hotel Le Bristol:<br />

“Tínhamos duas folhas de papel. Uma era para a questão financeira, em que o<br />

principal ponto a ser abordado era quanto valeria a nossa parte na nova empresa. A<br />

outra folha era sobre governança, como seria composto o conselho da companhia,<br />

que atribuições ele teria e como funcionaria a holding que formaríamos com os belgas.<br />

Estabelecemos que algumas coisas só poderiam ser definidas por unanimidade, como,<br />

por exemplo, vender a companhia. Toda essa questão de governança era muito<br />

importante porque não adiantava nada ter uma porcentagem X de um negócio que<br />

não funcionasse. Escrevemos essas duas folhas, levamos para os acionistas e dissemos<br />

que eles tinham que se conhecer melhor. Jorge, Marcel e Beto conheciam o Van<br />

Damme, mas não as outras famílias. No final de setembro os três tiveram uma<br />

reunião com o próprio Van Damme, Philippe Spoelberch e Arnoud de Pret de<br />

Calesberg (representante dos Melvius). Depois disso, as negociações aceleraram.”<br />

Na primeira semana de outubro de 2003, numa reunião na casa de Spoelberch<br />

em Bruxelas, os três líderes de cada uma das cervejarias, acompanhados de<br />

ompson e Laan, deniram as bases do contrato. Foi só então que banqueiros e<br />

advogados entraram em cena. Do lado dos belgas, os assessores nanceiros foram<br />

Lazard Frères e Goldman Sachs. Os brasileiros contrataram o Citibank de Nova<br />

York (onde estava o ex-Garantia José Olympio Pereira) e Luis Rinaldini, um<br />

argentino criado nos Estados Unidos que ganhou fama no Lazard, onde trabalhou<br />

por mais de duas décadas. Rinaldini havia deixado recentemente o Lazard para abrir<br />

sua própria empresa. No dia 15 de outubro, uma reunião entre os banqueiros e os<br />

negociadores das duas cervejarias, realizada na sede do escritório de advocacia<br />

Cravath, Swaine & Moore, em Nova York, marcou o início ocial da negociação.<br />

Havia na sala cerca de 30 pessoas. Jorge Paulo Lemann representou o trio de<br />

controladores da Ambev.<br />

Tão complexos quanto a estruturação nanceira eram os aspectos jurídicos que<br />

envolviam o negócio. A Ambev tinha ações listadas nas bolsas de valores de São<br />

Paulo e de Nova York. A Interbrew, na de Bruxelas. Ambas mantinham operações<br />

em diversos países do mundo. Enm, um enrosco. Aloysio Miranda Filho, sócio do<br />

escritório Ulhôa Canto, foi o responsável por assessorar a Braco, holding que reunia

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