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da ALL. (No Brasil, o 3G detém apenas 30% do capital do Burger King. A operação<br />
é controlada localmente pela Vinci, de Gilberto Sayão.)<br />
Num evento organizado pela Endeavor, organização não governamental de<br />
apoio ao empreendedorismo, em 2011, Beto Sicupira comentou a aquisição:<br />
“Não sei se vou aprender a comer hambúrguer, mas vou aprender a fazer... Eu<br />
cheguei à conclusão de que a marca [Burger King] é muito mais forte do que a gente<br />
achava. O Burger King não é uma companhia grande. É um negócio que, em todos os<br />
sentidos, é menos da metade da Lojas Americanas... Só não é em número de lojas,<br />
mas em EBITDA é menos da metade e o valor que a gente pagou é menos da metade<br />
do que vale a Lojas Americanas no mercado... Mas, a repercussão que teve! Eu tenho<br />
amigos em vários lugares do mundo e a notícia saiu em todos esses países. Ora, se<br />
você tem um conhecimento muito grande [da marca] e você tem um faturamento que<br />
não é do tamanho desse conhecimento, significa que você tem uma oportunidade muito<br />
grande aí...”<br />
Jorge Paulo, Beto e Marcel acompanharam as negociações conduzidas por<br />
Behring à distância, mas, fechado o negócio, quiseram ver de perto o novo<br />
investimento. Contrariando seus hábitos alimentares, Beto e Jorge Paulo chegaram<br />
até a fazer degustação dos sanduíches do Burger King para saber o que realmente<br />
iriam vender pelo mundo (a opinião de Jorge Paulo sobre o resultado dessa<br />
inusitada experiência gastronômica foi que os lanches são grandes demais). Beto e<br />
Marcel ingressaram no conselho de administração, ao lado de Behring (que ocupa a<br />
presidência), Hees, Van Damme e outros três membros independentes. “Nos últimos<br />
10 anos seguimos a estratégia certa, saímos de coisas que para nós eram periféricas<br />
para nos concentrar nas principais”, diz Roberto ompson, que hoje participa dos<br />
conselhos da AB InBev, da Ambev e da Lojas Americanas. “O nosso tempo é<br />
totalmente dedicado a essas coisas que são importantes, como agora é o Burger<br />
King... Na hora que você faz um cheque grande, você quer cuidar do cheque grande.”<br />
Ninguém tem tanta responsabilidade por zelar pelo “cheque grande” do Burger<br />
King quanto Bernardo Hees. Aos 42 anos, ele, a esposa e os dois lhos agora<br />
moram em Miami, onde ca a sede da companhia. Hees conheceu a losoa do trio<br />
há mais de duas décadas, quando estudava economia na PUC do Rio e pleiteava<br />
uma bolsa na Fundação Estudar:<br />
“Minha última entrevista para conseguir a bolsa era com o Beto, na Lojas<br />
Americanas. Naquela época, ele estava à frente da companhia. Eu lembro que achei<br />
legal esse negócio de um presidente de empresa como ele, que usava calça jeans. O<br />
Beto sentou, botou o pé na mesa e perguntou por que eu queria o dinheiro dele. Eu<br />
tinha 20 anos. Contei que precisava pagar os meus estudos. Meu pai tinha se<br />
aposentado, não estava em um momento legal. Graças a Deus ele tinha conseguido me<br />
levar até ali, mas agora era comigo, eu tinha que fazer a minha vida. Aí o Beto fez a<br />
segunda pergunta: ‘Você vai gastar meu dinheiro com namoradas?’ Respondi que eu<br />
queria a grana para pagar a PUC, mas que, se sobrasse alguma coisa, ia gastar com