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SONHO GRANDE

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mais rápido. Jorge Paulo se animou imediatamente. Ele estaria com Buffett no<br />

Colorado dentro de alguns dias, para participar de um workshop com Jim Collins, e<br />

apresentaria a ideia ao dono da Berkshire Hathaway.<br />

Em 9 de dezembro, durante um voo de Boulder para Omaha, o brasileiro contou<br />

o plano para Buffett. Decidiram ali mesmo que o negócio deveria ser levado adiante.<br />

Em pouco tempo Jorge Paulo e Behring marcaram um jantar com William<br />

Johnson, presidente do conselho e CEO da Heinz. O encontro, que aconteceu na<br />

segunda quinzena daquele mês, em um restaurante da Flórida, marcou o início das<br />

negociações. A partir daquele momento Jorge Paulo saiu do circuito e coube a<br />

Behring conduzir as conversas com a Heinz.<br />

Logo após as festas de nal de ano, Behring embarcou para Pittsburgh, onde há<br />

mais de um século a Heinz mantém sua sede. Lá, as conversas foram aceleradas.<br />

Seis bancos e quatro escritórios de advocacia foram contratados pelos dois lados<br />

para estruturar a operação – na fase final, cerca de 300 pessoas estavam envolvidas.<br />

Buffett acompanhou a movimentação à distância. Foi apenas na segunda-feira,<br />

11 de fevereiro de 2013, que ele se envolveu diretamente. Com o negócio prestes a ser<br />

concluído, recebeu Behring e Johnson para um almoço em um restaurante simples de<br />

Omaha. Era o que faltava para que o martelo fosse batido. Três dias depois,<br />

Berkshire Hathaway e 3G Capital anunciavam a compra da companhia por 72,50<br />

dólares por ação – um prêmio de 20% sobre a cotação do dia anterior. Cada uma<br />

das rmas investiu 4,5 bilhões de dólares para assumir o controle da Heinz (a<br />

Berkshire desembolsou outros 8 bilhões de dólares em ações preferenciais).<br />

Enquanto a transação é submetida às aprovações legais – um processo que deve<br />

se estender até o terceiro trimestre de 2013 –, Behring e sua equipe poderão conhecer<br />

de perto os detalhes da Heinz e desenvolver um plano com as mudanças a serem<br />

colocadas em prática caso a compra seja autorizada. “A Heinz está muito distante de<br />

ser uma AB InBev da comida (ocupa a 13 a posição do setor globalmente). Mas<br />

com os brasileiros no leme e Mr. Buffett na retaguarda ela provavelmente vai subir”,<br />

opinou a revista The Economist.<br />

O avanço de Jorge Paulo, Marcel e Beto no exterior não deve parar por aí. De<br />

acordo com pessoas próximas ao trio, outras grandes companhias estrangeiras estão<br />

no radar dos brasileiros. Já faz alguns anos que os rumores sobre uma eventual<br />

compra da Pepsico ou da Coca-Cola pela AB InBev surgem aqui e ali. Com a<br />

primeira, a AB InBev está familiarizada há décadas, desde que a antiga Brahma<br />

tornou-se a responsável pela distribuição dos refrigerantes americanos no Brasil. No<br />

caso da Coca-Cola, a aproximação poderia se dar por outro caminho: Warren<br />

Buffett, o maior investidor individual da empresa, com 9% de participação.<br />

Será que Buffett estaria articulando com o amigo – e agora sócio – Jorge Paulo<br />

Lemann a compra do controle do maior ícone americano, uma companhia avaliada<br />

em quase 169 bilhões de dólares (mais que o dobro da rival Pepsico)?<br />

Quando ouve a pergunta, o megainvestidor americano inclina a cabeça para trás,

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