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SONHO GRANDE

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agendamento de lembretes Elefante. Porém era na Booknet, uma varejista inspirada<br />

na Amazon, que a gestora de recursos apostava a maioria de suas chas.<br />

Bonchristiano deixou o dia a dia da GP, da qual já era sócio, para se tornar<br />

presidente da nova empresa, rebatizada Submarino. Ficou lá por dois anos. Ergueu<br />

centros de distribuição, levou-a para outros países da América Latina e transformou<br />

o Submarino em uma das mais ecientes companhias de vendas pela internet do<br />

Brasil. Em novembro de 2006, o Submarino e a americanas.com (controlada pela<br />

Lojas Americanas e criada como um braço independente de varejo eletrônico em<br />

1999) anunciaram uma fusão para formar a B2W, a maior varejista on-line do<br />

país. Com a transação, a GP saiu completamente do negócio.<br />

Feitas as contas, o retorno sobre o investimento no Submarino foi um sucesso – o<br />

dinheiro colocado na antiga Booknet foi multiplicado por 10. No entanto, o<br />

envolvimento exigido da GP para transformar a aspirante a varejista virtual em<br />

uma empresa sólida foi considerado pela gestora de recursos alto demais. A<br />

experiência com o Submarino acabou por criar uma regra dentro da GP:<br />

investimentos em startups nunca mais.<br />

O esforço para participar do leilão de privatização das operadoras de telefonia no<br />

Brasil, em 1998, também se mostrou desmedido. A GP participou do consórcio que<br />

arrematou a Telenorte Leste (depois Telemar e Oi) por 3,4 bilhões de reais. Desde o<br />

início o negócio foi marcado pela polêmica. Entre os sócios da GP – as construtoras<br />

Andrade Gutierrez e Inepar, o grupo La Fonte (da família Jereissati), a Macal (do<br />

empresário Antonio Dias Leite) e a Previ – não havia ninguém com experiência no<br />

setor de telecomunicações. O mercado tinha receio de que o consórcio se mostrasse<br />

inapto a tocar a companhia. Com interesses e culturas muito diferentes, o clima entre<br />

os sócios da Telemar era, para dizer o mínimo, belicoso. Não raro, as reuniões do<br />

conselho de administração se transformavam em verdadeiras batalhas. Entre os<br />

mais de 20 membros do conselho, dois eram da GP – Beto Sicupira e Fersen<br />

Lambranho, que a essa altura já havia deixado o comando da Lojas Americanas<br />

para trabalhar na gestora de private equity. Em agosto de 2000, Fersen assumiu a<br />

presidência do conselho de administração da Telemar. Era a chance da GP imprimir<br />

na operadora de telefonia seu estilo de gestão – com metas, meritocria, cobrança por<br />

resultados. A prática, porém, mostrou que, com uma participação acionária inferior<br />

a 10%, a GP não conseguia vencer a resistência dos outros acionistas. Graças<br />

principalmente à governança conturbada, a Telemar jamais teve o jeitão de uma<br />

empresa da GP. Em 2008, uma década depois da privatização, a GP vendeu sua<br />

fatia na operadora. O negócio não deixou nenhuma saudade. Se a gestora tivesse<br />

aplicado os 350 milhões de reais investidos inicialmente no consórcio em um fundo<br />

de renda xa, o retorno teria sido maior que o registrado na Telemar. Ficou a<br />

segunda lição: nada de tomar parte de negócios em que a GP não tivesse autonomia<br />

para estabelecer sua cultura.<br />

Nos primeiros tempos da GP nenhum negócio deu tão errado quanto a aquisição

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