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tiveram um espantoso retorno de 35 vezes o capital inicial alocado. Assim como o<br />
Garantia era o mais invejado banco de investimentos das décadas de 80 e 90, a GP<br />
se tornou a mais celebrada gestora de recursos de terceiros do país na maior parte<br />
dos anos 2000. Ao longo de sua história, investiu mais de 5 bilhões de dólares na<br />
aquisição de 51 empresas – e em boa parte delas atuou como uma espécie de<br />
difusora em larga escala dos princípios empresariais estabelecidos por Jorge Paulo,<br />
Marcel e Beto ainda nos tempos do Garantia. “Essa nova geração está indo além dos<br />
fundadores em termos de agressividade e cultura”, disse Marcel Telles durante uma<br />
palestra em São Paulo, em 2008.<br />
A fase de crescimento acelerado, em que a GP brilhava praticamente sozinha no<br />
setor de private equity brasileiro, cou para trás. Em primeiro lugar porque a<br />
concorrência aumentou – fundos internacionais como Carlyle, Advent e General<br />
Atlantic, e nacionais como Vinci (de Gilberto Sayão), Gávea (de Armínio Fraga) e<br />
BTG Pactual (de André Esteves) passaram a atuar com força no Brasil. Além disso,<br />
a gestora cometeu uma série de equívocos em seus investimentos. Na ânsia de<br />
aproveitar o dinheiro que tinha nos fundos, fechou muitos negócios simultaneamente<br />
– e nem sempre tinha sócios que pudessem assumir o comando das empresas<br />
compradas. Algumas dessas tacadas se mostraram tão desastradas que<br />
arranharam a reputação da rma. Foi o que aconteceu com a empresa de implantes<br />
dentários Imbra, adquirida em 2008. Nem mesmo a injeção de 140 milhões de<br />
dólares feita pela GP na companhia foi capaz de tornar a operação viável. Dois anos<br />
após a aquisição, a gestora desistiu do negócio e assumiu o prejuízo. Vendeu a<br />
Imbra pelo valor simbólico de 1 dólar para o obscuro grupo Arbeit. Três meses<br />
depois, o Arbeit pediu a falência da empresa que acabara de comprar. Esse desfecho<br />
foi um duro golpe na imagem da GP – para muita gente no mercado, a manobra<br />
da gestora para se livrar do problema foi, no mínimo, questionável. “Todo o sucesso<br />
que a GP teve a partir de 2004 deixou o pessoal de lá arrogante”, diz um executivo<br />
do setor. “Eles começaram a agir como se fossem invencíveis e não tivessem<br />
competidores, mas descobriram da pior forma possível que também podiam errar.”<br />
O tropeço acendeu a luz amarela na gestora. “Foi um bom alerta”, reconhece<br />
Bonchristiano. “Estamos aqui de novo, fazendo negócios, mas com muito rigor,<br />
disciplina, cuidado, foco e calma, para evitar erros.”<br />
Um novo susto ainda estaria por vir. Em fevereiro de 2013, a LBR, empresa do<br />
setor lácteo controlada pela GP, entrou com um pedido de recuperação judicial.<br />
Criada em 2011 com a fusão da LeitBom e da Bom Gosto – e com maciço apoio<br />
nanceiro do BNDES –, a LBR tinha, inicialmente, a pretensão de ser a “campeã<br />
nacional” do leite. Não deu certo.