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HISTORIA RÚSTICA 107pungitivamente uma tremenda ironia da Natureza,sempre indifferente e inabalável.Ao descer o Caminho Novo, depois da chammade cólera em que ardera, unia nostalgia sem nomevarou-lhe a alma, ao avistar ao longe a profusa illuminaçãodo engenho, destacando saudosamente porentre a verdura. Na encruzilhada, quasi ao pé do engenho,estacou, descobrindo unia multidão enorme,homens e mulheres que se apinhavam no terreiro,banhado pelas luzes derramando-se das janellas, deonde lhe chegava o rumor compassado da dança,d'envolta com os sons roufenhos de uma gaita.Temendo ser visto, ganhou a picada do BomJesus em direcção á venda do Teixeira, de onde voltou,depois, ás guinadas, bebedo, completamentebebedo. E, cortando pelo immenso vassourai que iasahir defronte ao engenho, varou o caminho, ondeerrou toda a noite, n'um esmaganiento de derrota, apraguejar desesperadamente contra os que não oouviam, embriagados também nos arruidos da festa.Afinal, n'uma ultima e já cançada revolta,tomando o caminho de casa, pela vez derradeira, lançouao vento este brado angustioso e presago, que longamenteechoou no ar :— Desgraçados !...E desappareceu, aos tombos, sob a luz silenciosa•do luar tocando agora o zenith.IIIHavia quasi um anno que a Josophina o abandonara,porque o Zé Lirio, desde a morte da mãi,dera em se entregar á bebida, e, em certas oceasiões,desordenava-se, dando que fallar no sitio.