19.08.2015 Views

w

018214_COMPLETO

018214_COMPLETO

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CANÇÃO SLAVA 207estrellas, juncando faustosamente o Espaço de pedrariasestranhas.O seu espirito ficou pairando longo tempo, todopreso no esplendor sideral e n'uma mystica abstracção,invadido de um sabbaismo gigante, quando umcântico soou de repente, á proa, lá em baixo, noconvéz, por entre-vante da tolda—tremulo e roucocomo uma canção de degredo, ou um gemer arrastadoe oppresso de almas anhelantes.Eram os immigrantes slavos, cantando em corouma d'essas canções saudosas e nevoentas, mas cheia»de uraa idéalidade affectiva, das suas terras brancasdo Norte. Saturados ainda da tristeza infinita ciavasta travessia atlântica, a alma pesada de nostalgia,na recordação embaladora e perpetua da Pátria distante,expandiam-se resignadamente, deixando voarpara o Azul, para as constellações, n'tima vaga melopéarhythmica, a sua dôr de exilados, que sefundia por vezes desoladoramente, nos sonoros smorzandos,com a plangente symphonia dos cabos e ociciar funerário do vento nas vergas.Arrancado subitamente assim, ao extasis contellardo seu Sonho rolando pelas estrellas, baixouos olhos tristemente sobre aquella massa fervilhantede gente, apertada entre as amuradas de proa, comoum humilde rebanho, e de onde se erguia aquellecanto dolente, que reavivava em seu peito as púasfinas da dôr.A noite, em redor, tornara-se mais densa na suanegrura de tinta, emquanto no alto as gottas de ourodos astros radiavam, mais vividas e tremulas. O martodo, tinha a sumptuosidade trágica de ura manto develludo sinistro, estendendo-se sobre uma planurasem fim, e cujas dobras movediças ondulavam conti-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!