116 MARES E CAMPOSEm torno, sob o laranjal copado e os cafezeirosdensos, em uichos recolhidos de sombra, havia umrumor aninhante de azas, agitando as folhas, em procurados poleiros. D'entre as moitas baixas, pelocapim, ou no meio das sebes bastas, os grillos, retiradosjá ás suas cellas de inverno, picavam o silencioelegíaco das Ave-Marias, com o seu tic-tic de prata.E pelo alto das frondes, abanando ao vento as ramagenstremulas, por onde espiam as estrellas, sentia-se,aqui e além, um piar gemente de pássaros retardados,demandando a paina quente.Pela larga porta do engenho viam-se já arderconfortavelmente lá dentro os toros grossos do brazeiro.Candeias de quatro bicos, suspensas das travese dos esteios, a distancia umas das outras, abriam, nomeio das trevas que se adensavam no alto, sob asvastas telhas, curtas chammas azues, que illuminavamfrouxamente, á maneira dessa3 lâmpadas que seaccendem nas igrejas. No centro de tudo, os grandespáos do apparolho moviam-se continuamente, na suagrossa engrenagem, impellidos pela almanjarra rangente.A um angulo, mulheres, homens e crianças, decácoras, junto aos cachos da cevadeira, raspavam destramentea mandioca, n'uma algazarra animada, deboa gente palreira. Próximo, no recanto do forno, oscarregadores de typityns faziam mover com estrépitoos braços fortes da prensa. E, de vez em quando,dominando tudo sonoramente, com uma vozr de commando,o ' grito másculo do cevador, espicaçando alentidão preguiçosa do boi: — Eh, EstrelUt! Eh,EstreUa ! • • ;-.: . ',.& -André agora não parava, n'uma preoecnpação,fazendo tudo nervosamente, com o pensamentopreso á sua viagem para a Ponta Grossa, Já por
O ANDRÉ CANOEIRO 117vezes olhara iiivestigadoramente o céo, que se cobriano alto de flocos brancos espessos. Eram os primeirossignaes do sul, prestes a cahir. E, após haver destravadoas sebes e os fueiros, com os bois pela corda,em direcção ao pasto, emquanto os outros carros fastavam para a porta do engenho, ia pensando comsigo: — " E' verdade, ainda mais esta ! Vento pelaproa ! Vou tel-o do fino, não ha que vêr... "E, voltando, sem mesmo dar "boas noites" e pedira benção ao velho Elyseu, como sempre fazia, malpegara a sua camisola de baeta vermelha, que deixaran'uma das empenas do engenho, tomara ás pressas oatalho que levava ao caminho, gritando de longe paraos amigos, ás voltas com a mandioca no terreiro :— Oh, rapazes !por hoje não contem mais commigo.Tenho muito que fazer. Vou para longe, paraa outra banda. Mas, de madrugada, se Deus quizer,hei de estar por aqui rente...E sumiu-se, no meio dos vassouraes das areias,marginando alli a estrada até o Rio do Meio.Quando entrou em casa—uma meia-agua situadaem um recanto da larga praia branca, que viravapara a Caeira—o mar surgiu, diante delle, na suavastidão immensa, todo plano e era calma, mas comessa reluzencia espelhante e argentea, onde se arrastamesfuminhadas negras e frêmitos rápidos deaguaceiros, que precede os grandes ventos.Mas o André era um canoeiro como não haviasegundo em aquellas redondezas, e se estava contrariadoera só porque a viagem agora ia custar-lhe odobro do tempo. Quanto ao mais, "o fim do mundoque fosse", como costumava dizer, não lhe raettiamedo. Era memorável alli e em toda a costa catharinense,a travessia louca que elle realisara, sósinho
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