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NA ILHOTA 59O Manuel Lemos, de longe, observava tudo,mas fingia-se alheio, mandando tocar uma walsa ; e,nesse momento, único par na sala, colhia a attençãode todos, volteando rhythmicamente, aos compassosondulantes da musica, com a Joanninha Pinheiro.E era tal a galanteria de ambos, desenrolando, unidose a prumo, pelo soalho, os passos cadentes da walsa,que ninguém mais se arriscou.Quando a gaita cessou, no meio do applausomatuto da sala, todos os rapazes, ainda os mais indifferentes,resmoiam em silencio um despeito surdo,como uma aífronta. E o Chico Rufino, que se tinhapor dansador de fama do logar, chocado com o successodo outro, de pé, na varanda, em meio de um grupode amigos, affirmava com paixão :— Que o Manuel não era grande cousa para adansa, não era... Nem tinha posição capaz : muitoarcado, as pernas abertas que até podia passar umcarro por baixo... Aquillo então é que era a fama ?Olha o pachola ! Raios o partissem, se elle, Rufino,não dansasse dez vezes melhor !... Depois, com aPinheiro quem não dansava... Que não lhe dissessem !Para elle, o Manuel não valia nada... Grande paspalhão!...A Mariasinha, agora mais resignada, voltara ásala. O noivo, que acabava de sentar o par, agradecendo,vietorioso, muito risonho, veiu logo collocar-seao pé delia. E, longamente, se fizeram confidencias,voltados um para o outro, como dons pombos, movendoas cabeças amorosas. Perderam assim quadrilhas,polkas... E a moça, mais consolada, de certo,sorria já com os seus grandes olhos melancólicos.

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