174 MARES E CAMPOSpelas exigências da vida, em busca de alimento, ainiploral-o, com uma animal sofreguidão humilde,pelos pobres easaes os lavradores, sempre abertos otransbordando de atfeetos para essas almas errantes,batidas de um vento sinistro, que a sombra malditada Desventura não deixajámais noivar nem construiro seu ninho.Fallava n'uma grande gesticulação febril, cmque os membros se deslocavam continuamente, riscandono ar violentas linhas indecifráveis de abceedariosanskrito, com phrases gutturaes, em linguagemacre o pedregosa, que ninguém entendia. E, nossosinstantes difficeis, o seu rosto adquiria unia talmobilidade de visagens e rugas, formigando emelectrismos nervosos, que, muitas vezes, os que ocercavam o ouviam, eram acomraettidos de repentede unia arripiante algidez de susto, suppondo-oinopinadainento sublevado em accessos bravios, quelhe agitassem os poderosos pulsos. As crianças eas mulheres fugiam logo, opalescidas e tremulas, notemor de um conflicto. Mas o desgraçado louco, feridopor aquelle abandono, serenava immediatamente,n'um largo espasmo de doçura, em que os seus olhosclaros se arrazavam de pranto, como para externara mansidão do seu intimo.Então, os lavradores, enternecidos, davam-lhealguns minguados quinhões, que elle recebia n'umalarido selvagem de júbilo. E partia em seguida,fallando e gesticulando cora fúria, como n'uma alegriaera delírio, a gargalhar estrepitosamente pormomentos, na linha sinuosa da sua marcha descompassadae batida, desapparecendo, por dias, nasvoltas suaves e florescidas dos brancos caminho»agrestes...
0 ALLEMÃ0 110PDO 175Havia quasi uni anuo que elle vivia assim, surgindointermittentemente "pelas estradas, naquelleitinerário do martyrio eterno, sem consolação e carinhos,assustando os simples, que debandavam n'umpânico, ante a sua apparição terrível ; ás vozes risonhoe pacifico, outras agitado e ruidoso, conformeo caso da sua nevrose; mas sempre respeitoso einoffensivo, muito amigo das crianças, gostando deamimal-as e beijal-as n'um enternecimento infinito,a passar sobre as cabecinhas louras e infantis, comoem uma carieia demorada e paterna, a sua mão callosae rija.Na existência tumultuaria d'esse homem, haviatalvez o alanceamento profundo de incógnitas angustiassangrentas, a vasta tenebrosidade insondavelde algum mysterio, de algum desastre, porque,muitas vezes, deram com elle chorando, como erauma levada infernal de dores, ás porteiras dos engenhos,á hora sombria e nostálgica do anoitecer,quando passavam as raparigas nutridas e palradoras,que voltam das farinhadas.Longas horas alli ficava, na afflicção, em umaestranha lucidez de espirito, que mais lhe intenseavao tormento, prostrado, dilacerado, geraente. De espaçoa espaço, levantando mansamente os olhos rasosde água para a alta serenidade apaziguadora do Azul,cobrindo-se já de uma primeira tremulante florazãode estrellas, por onde erravam—quem sabe !—osseus Sonhos foragidos e as suasChimeras desfeitas, osseus lábios convulsos e ardentes murmuravam vagamente,indistinctaraente um nome... Depois, curvandodocemente a fatigada cabeça arminhenta, n'um offegantemovimento de hombros, que traduzia dolorosamentetoda uma humilde e resignada aceitação de
- Page 1:
wygr
- Page 7:
Jfi. c V€Cf í* a/MARES E CAMPOS
- Page 11:
AO _11->T1!K INCLVTOECADE QUEIROZ
- Page 14 and 15:
M Alt rs E cwtrnsem oonjuncto, e tu
- Page 16 and 17:
10 MARES F. CAMPOSIIO seu Santos é
- Page 18 and 19:
12 MARES E i:AMl'(>SSentado n'um ni
- Page 20 and 21:
MARKS E CAMPOSd'agua. Aquillo, nem
- Page 22 and 23:
l(i—Lá anda a (Oiistança ás vo
- Page 24 and 25:
18água salgada, iam tirando os ná
- Page 26 and 27:
20 M.Ult'N E OAMl'OSO Manuel, todo
- Page 28 and 29:
MARES E CAMPOScarro chiando monoton
- Page 30 and 31:
24 MARES Y. i:\virosdar mais passad
- Page 32 and 33:
2(5 MARES E CAMPOSamada, onde ella
- Page 35 and 36:
A PESCA DAS TAINHASA MANOEL CCRVELL
- Page 37 and 38:
A PESCA DAS TAINHAS 81desenrolava,
- Page 39 and 40:
A PESCA DAS TAINHAS 33As primas che
- Page 41 and 42:
A PESCA DAS TAINHAS 35As filhas do
- Page 43 and 44:
A PESCA DAS TAINHAS 37Iam dar o seg
- Page 45 and 46:
A PESCA DAS TAINHAS 39lâminas elec
- Page 47:
A PESCA DAS TAINHAS 41O Zé Souza a
- Page 50 and 51:
44 M\m- K I:\MPOSalinhada dos dente
- Page 52 and 53:
46 MARRS E CAMPOSnos cabellos o nos
- Page 54 and 55:
4SMARES K CAMPOSAs moças enfiaram
- Page 56 and 57:
50 MARES E CAMPOSO navio do Manuel
- Page 58 and 59:
MARESK CAMPOSum bordo, em tremuras
- Page 60 and 61:
;-)4 MARES K CAMPOStendo-lhe baptis
- Page 62 and 63:
• r )t)MMIKS F. c.\Mi'0»tomavam
- Page 64 and 65:
MARES E CAMPOSA Mariasinha, que bem
- Page 66 and 67:
fiO M \HKS K C\MPOSIVD'ahi por dian
- Page 69 and 70:
OS BOIS CHUCROSA EDUARDOSALAMONDEEr
- Page 71 and 72:
OS BOIS CHUCROS 65arranjar, não ac
- Page 73 and 74:
os RÓIS CHCCHOS 67Esconderam-se en
- Page 75 and 76:
A VELA DOS NÁUFRAGOSAO DR. (IAMA-R
- Page 77 and 78:
A VELA DOS NAÜFRAÍiOS 71de ura lo
- Page 79 and 80:
A VELA DOS NAUEHAOOS 7$nara de todo
- Page 81 and 82:
A VELADOS NÁUFRAGOSlembrou-se que
- Page 83 and 84:
A VELA DOS NAUEP.AdOS 77E a viva na
- Page 85 and 86:
A VELA IIOS NAPFRACOSTi*"nas e á C
- Page 87 and 88:
A VELA DOS NAUFRAÍIOS 81hora mais
- Page 89:
A VELA DOS NÁUFRAGOS 83debilmente
- Page 92 and 93:
S(íMARES E CAMIMipida, sytnpathica
- Page 94 and 95:
88 MUiEs E cAiirostactear as ramage
- Page 96 and 97:
1HI MARES V. CUIIliSna ultima seman
- Page 98 and 99:
92 MARES K CAMPOScvlindros dourados
- Page 100 and 101:
'94 MARKS • CAMPOSDo repente, das
- Page 102 and 103:
-90 MARES F. CAMPOSconversa, gritou
- Page 105 and 106:
O VELHO SUMARÉS 99E o velho Sumar
- Page 107 and 108:
HISTORIA RÚSTICAAO PR.REMÉDIOS MO
- Page 109 and 110:
HISTORIA RUSTICA 103
- Page 111 and 112:
HISTORIA RÚSTICA 105-A' meia tarde
- Page 113 and 114:
HISTORIA RÚSTICA 107pungitivamente
- Page 115 and 116:
O ANDRÉ CANOEIROAO RR. CARLOS FULl
- Page 117 and 118:
O ANDRÉ CANOE1RO1Hterras, para ir
- Page 119 and 120:
O ANDRÉ CANOEIRO 11,3roças voltav
- Page 121 and 122:
O ANDRÉ CANO FIRO 115E atirava-se,
- Page 123 and 124:
O ANDRÉ CANOEIRO 117vezes olhara i
- Page 125 and 126:
O ANDRÉ CANOEIRO 119gracioso de am
- Page 127 and 128:
O ANDRÉ CANOEIRO12Tdaquellas, sob
- Page 129 and 130: O ANDRÉ CANOEIRO 123lada e monóto
- Page 131 and 132: O ANDRÉ CANOEIRO 125> formidável
- Page 133: O ANDRÉ CAN0E1R0 127o largo thorax
- Page 136 and 137: 130 MARES E CAMPOSNunca a ruidosa b
- Page 138 and 139: 1"2 MARES E CAMPOScomo que o grito
- Page 141 and 142: MISS SARAHA GUILHERME DEMIRANDAFoi
- Page 143 and 144: MISS SARAM 137IIA casa (pio habitav
- Page 145 and 146: MISS SARAH 139O ar cheirava balsami
- Page 147 and 148: MISS SARAH 141impressão ameaçava
- Page 149 and 150: MISS SARAH 14&despedir-se pela visi
- Page 151 and 152: SEPARAÇÃOA ALVES DE FARIASFoi uma
- Page 153 and 154: SEPARAÇÃO 147de nostalgias e ais,
- Page 155: SEPARAÇÃO 149mar esse âmbito lut
- Page 158 and 159: 152 MARES E CAMPOSE desceram juntos
- Page 160 and 161: l.>4MARES E CAMPOS«tfeotuosa, enla
- Page 162 and 163: MARES E CAMPOScirculo a perna em tr
- Page 164 and 165: ], r )S MARES E CAMPOStado, as pern
- Page 166 and 167: l(il>MARES E CAMPOSpreparar-se e ir
- Page 168 and 169: lt)2 MVHFS E CAMPOSFosso antes dorm
- Page 170 and 171: 1C4IIID'ahi a tempos, dizia-se por
- Page 172 and 173: llili MARES E i:\MI-osentiu-se um r
- Page 175 and 176: MAR GROSSOAO 1>R. RAMIZ fiALVAO-Des
- Page 177 and 178: MAR GROSSO 171as mãos náufragas,
- Page 179: O ALLEMAO DOU DOA IÍEHNAIUMNOVA RE
- Page 183: O ALLEMÃO DOUDO 177Um dia depois,
- Page 186 and 187: ISOMARES E CAMPOSIa etfectuar-se o
- Page 188 and 189: 1X2MM1KS E CAMPOS•olhos rasos d'a
- Page 190 and 191: 1S4MARES E CAMPOSNa canoa grande
- Page 192 and 193: 1SI»MARES F. CAMPOSAo rumor do pro
- Page 194 and 195: ]SKMARES i: CAMPOSsignal ! O tempor
- Page 196 and 197: 190 MARES E CAMPOSacima da borda, p
- Page 198 and 199: l!l_MARES E CAMPOSda costa, sob as
- Page 200 and 201: 194 MARES E CAMPOSfaça um homem, f
- Page 202 and 203: 196 MARES E c:\MPOSdeitando raáo a
- Page 205 and 206: A BORDO DO STEAMERA GONZAGADUQU'E.A
- Page 207: A BORDO DO STEAMER 201Cabe a tarde,
- Page 210 and 211: 204 MARES E CAMPOSMulheres de chal
- Page 212 and 213: 206 MARES E CAMPOSrente e longínqu
- Page 214 and 215: _I)SMARES E CAMPOSnuamente, aqui e
- Page 217: I3ST_DTOEPAUSO rnebtre de Redes 7O
- Page 221 and 222: 116 Ruas de S. José e Quitanda 24E
- Page 223 and 224: — 3 —elogios. .
- Page 225 and 226: •dores e cancioneiros portugueses
- Page 227 and 228: •Historia Geral do Paraguay, desd
- Page 229 and 230: — 9 —brasileiro, por J. J. de C
- Page 235:
BRASILIANA DIGITALORIENTAÇÕES PAR