MARES E CAMPOSxim instante, inquieta,n'um despero continuo, passandoos dias e as noites junto ao oratório, rezando. E nSosabia por que, mas, " por dentro," unia oousa lhedizia que tinha havido uni desastre, alguma desgraça,pois sentia como um " peso " terrível sobre ocoração . ..E desatou a chorar alto, pordidainonte, batida de11111a rajada de d Ar.O Pedro, com a sua bondade de gigante, asensibilidade incomparavol e santa de todos osniarnjos, cujas almas vivem porpetuamonte carregadasde amor, de ternura, da nostalgia sem fim do oceano,ficara logo com os seus grandes olhos azues mareados•do lagrimas. E, atarantado, 11'ura enleio, 11'uma perturbação,mal podia dizer meigamente :— ( w ue, infelizmente, não encontrara uni sónavio, nina única vela, durante a terrível viagem,mesmo porque era impossível distinguir oousa algumaera meio a oerração. Mas que não se amotinasse, nãoperdesse a esperança. O Siqueira era uni marinheiroás direitas. Conhecia o mar inteiro como as palmasdas mãos. Depois, o Espadarte era navio de agüentart(do o tempo. Aquillo era seguro como um rochedo.Para elle não havia vagalhão. Certamente a lestadafora de tremer, mas não faltavam recursos para umbom marcante. Havia a capa, havia o encalhe emum oostão do remanso, e se nada d'isso servisse, era•dar á popa e deixar-se levar sobre as águas, aostrancos ... Não ! Que ella não pensasse em desgraças! Era uma tolice ! O Siqueira, áquella hora, talvezi-stives.se chegando ao Rio Grande .. .Sob estas palavras, que lhe cabiam docementeii^alma, como um allivio, uma consolação, a Maria\ irginia foi pouco a pouco serenando, e, de repute,
A VELADOS NÁUFRAGOSlembrou-se que os pequeninos, os filhos, tinham ficadosósinhos lá em cima com a mãi, coitada, que viviaparalvtica, a um canto, quasi sem se poder mover.Immediatamente, apressou-se, e despedindo-se :— Ora, ha de ser o que Deus quizer, . Eadeusinho, Pedro; até depois. Olha, apparoce lá eracasa. Assim que puderes, dá uma chegadinha aomorro. A mamai ha de gostar de te ver. .i Esahiu correndo, n'um movimento adorável dosquadris cheios, da cinta estreita e do lindo busto alto,•onde o seu pescoço bem feito e o moreno rostoesculptural se erguiam deliciosamente, no meio da luzradiante.IID'ahi a quinze dias, pela manhã, espalhava-sepor todo o Inglez a lutuosa noticia de que o Espadartetinha ido a pique, uma madrugada, a vintemilhas do cabo de Santa Martha, tendo perecidon'elle o contra-mestre, o gageiro-grande e o capitãoSiqueira.Soubera do caso o filho do Patesoa, que viera dacidade, onde estivera com os tripolantos que haviamescapado, e que de certo chegariam alli pela tarde,porque vinham por terra, de sitio em sitio, em procissãocom a gávea, a tirar esmolas para umapromessa á Senhora dos Navegantes.Ura delles, o Manuel Figueira, narrara-lhe, na véspera,comosedera o naufrágio. O navio abrira água,umdia antes do sinistro, com dous mares de travéz, que oalagaram de popa, ao desfazer de uma capa. Mas,
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