w

NA ILHOTA 55vam-se, olhando, cora grandes olhos vagos, a boccaaberta, n'um emparvecimento—o tocador de gaita, ummulato anguloso, chupado, com uma pera satânica deMephistopheles, um lenço de chita ao pescoço, rouquejavauma quadrilha.Mas as dansas não tinham ainda começado. Tiravam-seas sortes.No meio de um grupo de moças, o ManuelLemos, agora, empunhava o LIVRO DO DESTINO,uma remota e esfrangalhada brochura, sem capa e semcantos, ennegrecida e ensebada do chulo manusearde muita gente, durante annos, nos três dias de SantoAntônio, S. João e S. Pedro, e toda cosida a pontosna lombada. O Manuel offerecia os dados — unsgrandes dados antigos e desquinados, onde mal sepodiam lêr os" pontos—e as moças sacudiam-nos entreas mãos fechadas, arriando-os depois sobre as própriaspaginas do livro, rindo muito, muito interessadas.Contavam: cinco, quatro, dous, dezeseis... "Ande lá !leia lá !" e o rapaz folheava logo, procurando a paginaonde vinha a quadra que correspondia ao numeroindicado: e lia ; recorria ao índice; dizia os assumptos :SE O SEU AMANTE É FIEL OU NÃO, SE ALGUÉM LHEAMA EM SEGREDO, SE MORRERÁ CEDO OU TARDE,SE TEIÍÁ FELICIDADES, .SE O SEU BEM ESTÁ PRESENTE,SE SE CASARÁ... Outras raparigas, de temperamentoaventureiro e inquieto, mais cheias de imaginação ephantasia, queriam saber se os seus noivos viriam deíóra, e de que banda seria. Corriam até á praia e lançavamá água uma casca de laranja cavocada, com umbiquinho de vela acceso dentro. Punham-se depois aolhar o rumo que levavam as luzinhas nas ondas. Scuma ia para o Norte, o esposo (pie a sorte lhes reservavaviria sem duvida do Norte, e assim as que