o impacto das cotas nas
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O impactO <strong>das</strong> cOtas <strong>nas</strong> universidades brasileiras (2004-2012) • 133<br />
3. Considerando a evasão de 13 % (alunos que não renovaram<br />
a matrícula ou que desistiram do curso), e verificando que esta é<br />
distribuída de forma desigual entre os cursos, mas sem associação<br />
com a dificuldade dos cursos, e que é maior, proporcionalmente,<br />
em alunos egressos de escolas públicas federais, pode-se imaginar<br />
que esta evasão está ligada a dois fatores principais:<br />
a. Alunos cotistas A e B, egressos de outras escolas que não<br />
as públicas federais, permanecem em seus cursos, mesmo com<br />
dificuldades em se manter neles (a mediana do percentual de<br />
reprovações por nota chega a 17% em cotistas A vindos de EPM),<br />
e mesmo estando descontentes com o curso no qual ingressaram,<br />
pois “estar em uma universidade”, por si só, é de importância<br />
muito grande no meio social de onde vêm.<br />
b. Alunos cotistas A e B, egressos de escolas públicas<br />
federais, pelo preparo que têm, encontram menos dificuldade<br />
em passar em concursos vestibulares de outras instituições. É o<br />
que se observa, também, <strong>nas</strong> múltiplas chama<strong>das</strong> que ocorrem<br />
a cada ano para preencher vagas não ocupa<strong>das</strong> por candidatos<br />
aprovados no vestibular que não se apresentam na UFJF no<br />
início dos períodos letivos.<br />
4. Há que se cuidar com mais atenção dos alunos cotistas<br />
oriundos de escolas estaduais e municipais de rendimento bem<br />
inferior aos demais. Com o sistema de <strong>cotas</strong>, a universidade<br />
acolhe alunos despreparados para as exigências de um curso<br />
superior e não propicia que estes alunos fiquem em condições<br />
de acompanhar estes cursos – notadamente em cursos da área<br />
de exatas. O resultado é uma sequência de reprovações que<br />
desestimulam os alunos, criando um ciclo perverso que culmina<br />
no abandono ou, o que é mais comum, no alongamento da<br />
permanência do aluno muito além da duração desejada do curso.<br />
Enquanto o percentual médio de reprovações por nota para<br />
cotistas C e B está em torno de 12% (de discipli<strong>nas</strong> cursa<strong>das</strong>),<br />
este percentual se eleva para 18%, no caso de cotistas A.<br />
Finalmente, é necessário repensar o sistema de <strong>cotas</strong> e a sua<br />
práxis. E tão importante é estabelecer maneiras de promover a<br />
equalização <strong>nas</strong> condições de aprendizagem de alunos cotistas