o impacto das cotas nas
o impacto das cotas nas
o impacto das cotas nas
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
154 • O impactO <strong>das</strong> cOtas <strong>nas</strong> universidades brasileiras (2004-2012)<br />
O Gráfico 4 é menos confiável que o Gráfico 3, porque o<br />
número de vestibulandos que escolheu este conjunto de cursos<br />
é bem menor. Entretanto, também nesses cursos de mais fácil<br />
acesso, não há uma vantagem clara dos pretos de escolas públicas<br />
depois de 2008. A maior taxa de aprovação desse grupo, evidente<br />
no Gráfico 2, deve ser consequência <strong>das</strong> probabilidades de<br />
aprovação no grande conjunto de cursos entre os dois extremos<br />
examinados aqui. Nos cursos de ingresso relativamente fácil,<br />
parece que novamente os brancos de escolas públicas tendem a<br />
ter maiores probabilidades de aprovação que os outros. Poucos<br />
candidatos indíge<strong>nas</strong> de escolas públicas disputaram as vagas<br />
neste conjunto de cursos, mas com as <strong>cotas</strong> o número deles<br />
aprovado aumentou de nenhum dos quatro candidatos em 2007<br />
a três dos dez candidatos ao longo dos anos 2008 a 2011.<br />
Mudando o ponto de vista, a comparação do número de<br />
aprovados de cada categoria com o número total de vagas nos<br />
cursos de difícil ingresso dá uma ideia do <strong>impacto</strong> <strong>das</strong> <strong>cotas</strong> na<br />
composição <strong>das</strong> turmas nesses cursos. No Gráfico 5 fica evidente<br />
que, até 2011, os cursos mais competitivos se diversificaram menos<br />
que os outros (compare com Gráfico 1). Existem pelo menos duas<br />
explicações para a menor influência <strong>das</strong> <strong>cotas</strong> na natureza dos<br />
alunos nesses cursos. Primeiro, em função da maior dificuldade<br />
de ingresso e do grande número de alunos de escolas particulares<br />
que fazem vestibular para esses cursos, fica mais difícil os alunos<br />
de escolas públicas passarem pela seleção universal, e a grande<br />
maioria (aproximadamente 75%) destes alunos fica restrita à cota<br />
de 30% a eles reservada. Mesmo assim, a percentagem de alunos<br />
que estudou em escolas públicas expandiu de mais ou menos<br />
25% para aproximadamente 40% sob o regime <strong>das</strong> <strong>cotas</strong>, o que<br />
não é uma mudança pequena, embora seja possível que boa parte<br />
dessa expansão esteja monopolizada por alunos que estudaram<br />
em escolas federais. Segundo, o grande número de vestibulandos<br />
de escolas particulares e o fato de que muitos deles estejam entre<br />
os melhores alunos <strong>das</strong> suas escolas fazem com que as notas de<br />
corte sejam eleva<strong>das</strong> neste conjunto de cursos de difícil acesso,<br />
dificultando o ingresso dos negros de escolas públicas. O que