o impacto das cotas nas
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42 • O impactO <strong>das</strong> cOtas <strong>nas</strong> universidades brasileiras (2004-2012)<br />
isto é, os brancos e amarelos, são o grupo melhor representado<br />
entre os inscritos; na RMS são cerca de 16%, enquanto que entre<br />
os inscritos comparecem em proporção sempre superior a um<br />
quinto ao longo dos sete anos observados.<br />
Estudantes selecionados<br />
A Tabela 2 permite observar os dados referentes aos estudantes<br />
selecionados desde a implantação da política de <strong>cotas</strong> em 2005.<br />
Como era de se esperar de uma política de promoção do ingresso<br />
de estudantes do segmento negro, a primeira informação que se<br />
evidencia na Tabela é a expressiva participação de pretos e pardos.<br />
No início do período em análise, eles representavam três quartos<br />
dos estudantes selecionados. Comparando essa participação<br />
com a do ano anterior à implantação do sistema de <strong>cotas</strong>, 2004,<br />
quando representavam 61,1%, 8 verifica-se um incremento de 14<br />
pontos percentuais na participação do grupo. Outra evidência<br />
significativa sobre o segmento negro é a elevação da presença dos<br />
pretos e a redução dos pardos ao longo do período.<br />
Se considerarmos que nenhuma razão objetiva explica essa<br />
elevação da presença dos pretos, o que se pode pensar é que isso se<br />
deva a uma mudança na autopercepção do grupo. Isto é, que na sua<br />
autoclassificação esteja ocorrendo uma tendência de aproximação<br />
do pólo mais escuro do gradiente de cor, provavelmente, como<br />
consequência da mobilização <strong>das</strong> organizações negras, <strong>nas</strong> últimas<br />
déca<strong>das</strong>, em torno da afirmação da identidade negra. 9<br />
Também chama atenção a participação do contingente<br />
denominado “outras etnias”, onde estão situados,<br />
predominantemente, os estudantes autoclassificados como<br />
8 A esse respeito ver Queiroz e Santos. “Vestibular com <strong>cotas</strong>”.<br />
9 João B. B. Pereira. “O negro e a identidade racial brasileira”. In Giralda Seyfert et<br />
alli. Racismo no Brasil (São Paulo: Editora Fundação Petrópolis / ABONG, 2002),<br />
pp. 65-71.