o impacto das cotas nas
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246 • O impactO <strong>das</strong> cOtas <strong>nas</strong> universidades brasileiras (2004-2012)<br />
próprias instituições responsáveis pela implantação <strong>das</strong> políticas.<br />
Aqui estamos no domínio complexo dos fenômenos que podem ser<br />
mais bem percebidos pela estatística e pelos dados quantitativos.<br />
Uma segunda dimensão da avaliação é também a percepção dos<br />
efeitos invisíveis, ou melhor, pouco visíveis <strong>das</strong> políticas, sobretudo no<br />
que diz respeito aos seus efeitos sobre a vida cotidiana <strong>das</strong> pessoas a<br />
quem as políticas se destinam. Estamos aqui em uma esfera em que há<br />
de se buscar as informações não ape<strong>nas</strong> sobre a vida institucional <strong>das</strong><br />
organizações concerni<strong>das</strong>, mas também junto aos atores sociais que<br />
têm suas vi<strong>das</strong> impacta<strong>das</strong> pelas políticas públicas. A subjetividade dos<br />
atores é, aqui, o que se busca apreender para melhor avaliar.<br />
Por fim, avaliar significa também, a partir dos dados obtidos,<br />
prever, indicar tendências e probabilidades. Estamos aqui no<br />
universo probabilístico <strong>das</strong> projeções sobre os <strong>impacto</strong>s futuros<br />
<strong>das</strong> políticas, o que, mesmo quando estão embasa<strong>das</strong> em análises<br />
criteriosas dos dados disponíveis, têm sempre uma forte margem<br />
de erro e de imprevisibilidade.<br />
Nesse texto me aterei, basicamente, à primeira dimensão da<br />
avaliação e, em bem menor medida, à segunda. Quanto à terceira<br />
dimensão, creio que todos os que se envolveram com o tema <strong>das</strong><br />
avaliações <strong>das</strong> ações afirmativas <strong>nas</strong> universidades têm como meta<br />
atingir esse estágio. No entanto, estamos ape<strong>nas</strong> começando a ter<br />
dados disponíveis para fazê-lo, razão pela qual não abordarei essa<br />
problemática nesse texto.<br />
De modo concreto, centraremos, nesse texto, a avaliação do<br />
PAAF-UFS em alguns dados produzidos a partir da comparação entre<br />
os resultados acadêmicos de alunos que entraram pelo sistema de<br />
<strong>cotas</strong> e os que entraram pelo sistema universal, especialmente no que<br />
se referem a abandonos, reprovações e médias pondera<strong>das</strong>. A ideia<br />
básica aqui é de que para começarmos a avaliar os <strong>impacto</strong>s <strong>das</strong> <strong>cotas</strong><br />
na vida universitária precisamos perceber se há realmente diferenças<br />
entre os que se beneficiam e os que não se beneficiam <strong>das</strong> mesmas.<br />
Temos plena consciência do fato de que uma verdadeira<br />
análise comparativa deveria incluir a evolução dos estudantes<br />
cotistas (e não cotistas) ao longo do tempo, pois, ao por em<br />
evidência a capacidade ou não desses estudantes de terminar