16.04.2013 Views

Política e cotidiano - ABA

Política e cotidiano - ABA

Política e cotidiano - ABA

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ROSA MARIA RODRIGUES DE OLIVEIRA<br />

compreendermos, além do progressivo envolvimento do Estado<br />

com o tema do enfrentamento do estigma e da discriminação<br />

relacionados à epidemia de AIDS, seus liames como o tema da<br />

estigmatização produzida em torno do homoerotismo como<br />

processos sociais vinculados e que respondem por parcela<br />

significativa das políticas públicas (aqui consideradas também<br />

como discursos públicos) com relação ao tema na<br />

contemporaneidade.<br />

Há, portanto, uma teia complexa de significados e discursos<br />

de poder que opera sobre o estigma, a estigmatização e a<br />

discriminação relacionada ao HIV/AIDS e que o vincula ao<br />

homoerotismo. É desnecessário lembrar que a epidemia se<br />

desenvolveu num período histórico de rápidas mudanças<br />

sociais e econômicas, no âmbito da chamada globalização. Do<br />

final dos anos 70 até hoje, houve uma reestruturação radical da<br />

economia mundial, caracterizada, sobretudo, por processos<br />

acelerados de exclusão social (feminização, empobrecimento e<br />

bipolarização ricos/pobres). As novas formas de exclusão aí<br />

associadas reforçam as desigualdades e exclusões preexistentes,<br />

como o racismo, a homofobia, a misoginia, a discriminação<br />

étnica e os conflitos religiosos. Essa interação intensa oferece<br />

um modelo geral para uma análise da influência mútua entre<br />

as formas múltiplas de estigma que tipificaram a pandemia de<br />

HIV/AIDS, segundo Parker e Aggleton 29 .<br />

É de se destacar, neste contexto, a importância crescente<br />

da construção de identidades como central para a experiência<br />

contemporânea. Muitos trabalhos recentes sobre esse conceito<br />

demonstram seu caráter construído e de mutação constante. Isto<br />

torna possível começar a teorizar essa questão confrontando-a<br />

com as experiências de opressão e estigmatização, bem como<br />

quanto às resistências a ela, incluindo a mobilização mais ampla<br />

dos movimentos sociais e, em particular, do movimento<br />

homossexual. Essa idéia foi articulada por Manuel Castells, que<br />

distingue entre identidades legitimadoras – apresentadas pelas<br />

instituições dominantes para racionalizar sua dominação –,<br />

29 PARKER, Richard e AGGLETON, Peter. “Estigma, discriminação e AIDS” – ABIA – RJ,<br />

2001.<br />

156

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!