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Política e cotidiano - ABA

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CENÁRIOS MARCADOS PELA “COR”: A “INCLUSÃO” DO “NEGRO” NA PUBLICIDADE BRASILEIRA<br />

materializando os sonhos de qualquer publicitário – uma<br />

propaganda eficaz. Eficácia e identificação se encontram nos<br />

“significados culturalmente compartilhados” apontados por<br />

Goffman (1976: 26); a idéia, aqui, é pensar na leitura que os<br />

publicitários fazem desse compartilhamento de significados.<br />

“Um produto em si não é nada... o que é um sabão em pó,<br />

um sabonete, um creme? Nada! Nós damos os significados aos<br />

produtos”. Essa afirmação é seguida de outra: “nós só dizemos<br />

ao consumidor aquilo que ele deseja ouvir” 8 , sugerindo que<br />

eles (publicitários) captam exatamente aquilo que o públicoalvo<br />

deseja, como se as pessoas que participam da formulação<br />

de uma peça publicitária – pesquisadores, “criativos”,<br />

planejadores, agentes de mídia – e os clientes estivessem livres<br />

de uma concepção de mundo eurocêntrica, mediando suas<br />

formulações finais.<br />

Elogio às diferenças<br />

Diferente do segmento “mulher”, “negro” entra no<br />

mercado publicitário paulatinamente. A novidade que ora se<br />

coloca poderia ser interpretada explorando alguns argumentos.<br />

Antes, enfatizo que a “cor” só aparece marcada quando se refere<br />

às peles escuras (HOOKS, 1990). Se a utilização de imagens de<br />

corpos “marcados pela cor” se inicia com produtos específicos,<br />

a princípio ancoradas em personagens que se destacam nas<br />

variadas cenas culturais, o segundo momento lança mão de<br />

imagens de “negros” e de “mestiços comuns”, ainda<br />

direcionando os produtos a um público de uma determinada<br />

“cor” – “pele morena e negra”. O terceiro momento, talvez o<br />

mais importante para as reflexões aqui propostas, centra-se na<br />

circulação indiferenciada, quando as imagens que apresentam<br />

corpos escuros são vinculadas a quaisquer marcas/logos. O<br />

mapeamento das diferentes formas de abordar os corpos<br />

marcados pela “cor” na publicidade não significa que uma deu<br />

8 Profissional de Planejamento de uma grande agência publicitária; entrevista realizada em<br />

setembro de 2002. Por solicitação do entrevistado, os dados da agência e seu nome são<br />

omitidos. No entanto, essas afirmações são reiteradas nas entrevistas com Camila Holpert<br />

(Ogilvy) e Guime (W/).<br />

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