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Política e cotidiano - ABA

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CENÁRIOS MARCADOS PELA “COR”: A “INCLUSÃO” DO “NEGRO” NA PUBLICIDADE BRASILEIRA<br />

mercadorias, ele também implica, como aponta Featherstone<br />

(1995: 22), “que a maioria das atividades culturais e das práticas<br />

são mediadas pelo consumo de signos e imagens”. A busca da<br />

intimidade com o consumidor como um meio de criar<br />

identificações com as marcas/logos demanda contemplar<br />

diferenciações – classe, gênero, raça, geração. Assim, aquilo que<br />

os publicitários pensam ser os gostos de mulheres, homens,<br />

não-brancos, brancos brasileiros são justapostos às imagens e<br />

mensagens que veiculam um produto; como conseqüência,<br />

sugerem modos de ser diferente e de (con)viver na diferença.<br />

“Queimar um produto” significa utilizar imagens de<br />

“negros”, porque, segundo os publicitários, elas não geram<br />

“identificação” no consumidor, dificultando a criação e/ou<br />

consolidação de marcas/logos no mercado; a Figura 1 amplia<br />

o significado da expressão. O anúncio de comida para cachorros<br />

– Cesar – parece apelar à idéia da diversidade. Oito imagens<br />

de animais e de humanos – homens, mulheres, gordos, magros,<br />

carecas, cabeludos, baixos, altos, jovens, velhos –, dispostas<br />

lado a lado, exploram a semelhança dos cachorros com seus<br />

prováveis donos, ambos “branquinhos”, exceto por uma única<br />

imagem.<br />

A diversidade, aqui, tem um limite e não ultrapassa o<br />

“branco, natural, universal”. E, quando o faz, é a partir do<br />

referente que ocupa, como aponta Liv Sovik, “um lugar de fala<br />

confortável” (SOVIK, 2004: 368) 11 . As imagens dos humanos são<br />

diferenciadas através de marcas de gênero e de geração,<br />

utilizando estéticas pouco comuns na publicidade.<br />

11 Agradeço a Fernando Rosa Ribeiro por ter me apresentado essa coletânea e, particularmente,<br />

pela maravilhosa conversa sobre a predominância “branca” na publicidade brasileira.<br />

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