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Política e cotidiano - ABA

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HOMOEROTISMO E DISCURSOS PÚBLICOS SOBRE A CONJUGALIDADE<br />

identidades de resistência – geradas pelos atores em posições<br />

desvalorizadas e/ou estigmatizadas –, e identidades de projeto –<br />

formadas quando os atores sociais, com base nos materiais<br />

culturais a que tem acesso, constroem uma nova identidade que<br />

redefine a sua posição na sociedade e, por assim fazê-lo, buscam<br />

a transformação da estrutura social como um todo 30 .<br />

Regina Facchini reforça e amplia estas noções, em seu<br />

estudo sobre o movimento homossexual e a produção de<br />

identidades coletivas nos anos 90:<br />

Castells (1996 e 1997) afirma que vivemos num capitalismo<br />

informacional, no qual os conflitos sociais tendem a se<br />

expressar muito mais em termos de identidades coletivas<br />

específicas – os diversos ‘eus’ – que se contrapõem a um<br />

poder, em termos econômicos e de controle da informação,<br />

cada vez mais difuso – a “rede”. Para Castells, essa forma<br />

de expressão dos conflitos estaria se sobrepondo à<br />

expressão por meio das disputas entre capital-trabalho,<br />

inclusive em termos de possibilidades de transformação<br />

social 31 .<br />

2. O PL 1.151/95 e discursos de lideranças do movimento sobre<br />

conjugalidade.<br />

As lutas pelo reconhecimento social e jurídico da dimensão<br />

familiar das uniões homossexuais estão constitutivamente<br />

associadas à afirmação/negação do mito da<br />

complementaridade dos sexos e dos gêneros, uma vez que<br />

a competência moral e social para desempenhar as funções<br />

atribuídas à instituição familiar, especialmente no que diz<br />

respeito à parentalidade, tem sido restrita ao casal homemmulher.<br />

O não-reconhecimento social e jurídico das<br />

relações amorosas estáveis entre gays e entre lésbicas como<br />

família é a principal interdição que atinge os<br />

homossexuais no contexto da realidade brasileira,<br />

especialmente no tocante à socialização de crianças. Essa<br />

interdição está alicerçada na defesa irrestrita da<br />

conjugalidade e da parentalidade como possibilidades<br />

limitadas ao universo da norma heterocêntrica. (...)<br />

30 Cf. referência a Castells em PARKER, Richard e AGGLETON, Peter, Op. Cit. 2001.<br />

31 Cf. FACCHINI, Regina. Op. Cit., 2005 (pp. 173).<br />

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