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Ciclo dos Fundadores da ABL - Academia Brasileira de Letras

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Sua mãe, Justina, já não era mais a preferi<strong>da</strong> do Cônego João Carlos. E José<br />

do Patrocínio – o Zeca – sofria com aquela discriminação, que levara sua mãe<br />

a transformar-se numa quitan<strong>de</strong>ira, envolvi<strong>da</strong> com o comércio <strong>de</strong> frutas e <strong>de</strong><br />

legumes.<br />

Aos 15 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, o menino Patrocínio não se conformava com as humilhações<br />

sofri<strong>da</strong>s pela sua mãe, na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mais uma <strong>da</strong>s muitas amásias<br />

do seu padrasto poligâmico, que sequer o havia reconhecido como filho.<br />

Aquele era um lar sem afeição, simplesmente insuportável, sob o guante <strong>de</strong><br />

um vigário impulsivo e violento.<br />

Certo dia, o menino confessou a Justina Maria:<br />

– Mãe, quero ir embora <strong>da</strong>qui. Não agüento mais vê-la tão submissa, tão insulta<strong>da</strong><br />

e tão ofendi<strong>da</strong> justamente por uma <strong>da</strong>s outras amantes <strong>de</strong> João Carlos<br />

Monteiro.<br />

To<strong>dos</strong> quantos, algum dia, tiveram também <strong>de</strong> romper com suas famílias e<br />

suas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, para irem em busca <strong>de</strong> um lugar ao sol, como <strong>de</strong>ve ter acontecido<br />

com alguns aqui presentes, po<strong>de</strong>m imaginar facilmente o impacto causado na<br />

cabeça <strong>de</strong> Justina Maria, com aquela separação.<br />

Afinal <strong>de</strong> contas, o jovem Patrocínio era uma <strong>da</strong>s poucas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s que ain<strong>da</strong><br />

lhe prendia à vi<strong>da</strong>. Seria muito duro e difícil para ela privar-se <strong>de</strong>le e ficar<br />

<strong>de</strong>sampara<strong>da</strong> na solidão do seu cativeiro. Ia perdê-lo, mas resignava-se por ver<br />

que aquela <strong>de</strong>cisão do filho era certa e lógica.<br />

Fugindo <strong>de</strong> campos<br />

Patrocínio: Um jornalista na Abolição<br />

Patrocínio fugiu <strong>de</strong> Campos e veio para o Rio. Empregou-se na Santa Casa<br />

<strong>de</strong> Misericórdia, aqui bem perto, na Rua Santa Luzia, trabalhando na sua farmácia,<br />

como aprendiz e como servente, a braços com remédios e purgantes e,<br />

na enfermaria, como aju<strong>da</strong>nte, às voltas com cadáveres pobres e indigentes.<br />

Vai trabalhar no jornal ARepública, <strong>de</strong> Salvador <strong>de</strong> Mendonça, o fun<strong>da</strong>dor,<br />

nesta <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>, <strong>da</strong> minha Ca<strong>de</strong>ira n o 20, que acabara <strong>de</strong> publicar o “Manifesto<br />

Republicano”, <strong>de</strong> Quintino Bocaiúva. E na Gazeta <strong>de</strong> Notícias, on<strong>de</strong> faz sua es-<br />

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