Ciclo dos Fundadores da ABL - Academia Brasileira de Letras
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Oscar Dias Corrêa<br />
nhas. Sem conhecerem a força <strong>dos</strong> vocábulos, o fazen<strong>de</strong>iro Morais é liberal<br />
e o capitão Jacinto é conservador. 19<br />
Ou refere: “Alma generosa do povo brasileiro, quão mal aprecia<strong>da</strong> és pelos<br />
eternos faladores <strong>da</strong> Câmara <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong>!” 20 E não poupa os ingleses:<br />
Saindo do seu mutismo tradicional, o escrivão Ferreira contava numa<br />
ro<strong>da</strong> <strong>de</strong> senhores que os ingleses não querem saber <strong>de</strong> santos, que adoram<br />
uma cabeça <strong>de</strong> cavalo, e se divertem socando as ventas aos amigos, para lhes<br />
aliviar com essa amistosa operação o cérebro sujeito a congestões violentas,<br />
pelo vapor <strong>da</strong> cerveja que sobe do estômago. 21<br />
Mas, não falta a Mariquinhas,<br />
a mais gentil rapariga <strong>de</strong> Vila Bela! Era uma donzela <strong>de</strong> <strong>de</strong>zoito anos, alta<br />
e robusta, <strong>de</strong> tez morena, <strong>de</strong> olhos negros, meu Deus! <strong>de</strong> cabelos azula<strong>dos</strong><br />
como asas <strong>de</strong> anum! Era impossível ver aquele narizinho, bem feito, aquela<br />
mimosa boca, úmi<strong>da</strong> e rubra, parecendo feita <strong>de</strong> polpa <strong>de</strong> melancia, as mãozinhas<br />
<strong>de</strong> princesa, os pés <strong>da</strong> Borralheira, impossível ver aquelas perfeições<br />
to<strong>da</strong>s sem ficar <strong>de</strong> queixo no chão, encantado e seduzido!... 22<br />
E vai num crescendo que só a leitura <strong>de</strong> “Amor <strong>de</strong> Maria” propicia.<br />
Mas, não <strong>de</strong>vo exce<strong>de</strong>r-me mais. Quaisquer tenham sido as influências que<br />
recebeu, sua obra merece, ain<strong>da</strong> hoje, ser li<strong>da</strong>, porque poucas existem, em nossa<br />
literatura, com as quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s que apresenta, e tão bem espelhando a terra e a<br />
gente.<br />
É interessante dizer que, por mais longínquas possam ser as origens e fontes<br />
<strong>dos</strong> seus romances, topamos, no Su<strong>de</strong>ste, com algumas <strong>da</strong>s personagens que<br />
brotaram no cenário amazônico e que ressurgem com a niti<strong>de</strong>z <strong>da</strong>s que Inglês<br />
<strong>de</strong> Sousa nos legou.<br />
19 Contos amazônicos, Laemmert & C. Editores,1893, pp. 59-60.<br />
20 Ibi<strong>de</strong>m, p., 103.<br />
21 Ibi<strong>de</strong>m, p. 104.<br />
22 Ibi<strong>de</strong>m, pp.57-58.<br />
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