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Ciclo dos Fundadores da ABL - Academia Brasileira de Letras

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Alberto Venancio Filho<br />

entre outras. As peças eram mais para serem li<strong>da</strong>s do que representa<strong>da</strong>s, e não<br />

tiveram gran<strong>de</strong> repercussão. Este comentário é confirmado pela análise <strong>de</strong> Ronald<br />

<strong>de</strong> Carvalho:<br />

A literatura dramática brasileira, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Martins Pena, Macedo Alencar,<br />

França Júnior e Agrário <strong>de</strong> Menezes, se não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> existir pelo volume<br />

<strong>da</strong> produção, minguou pelo caráter cênico <strong>da</strong>s obras apareci<strong>da</strong>s. O ato ligeiro,<br />

a burleta, a comédia trivial, a revista popular e anedótica <strong>de</strong> Artur Azevedo,<br />

Valentim Magalhães, Moreira Sampaio e muitíssimos outros, to<strong>dos</strong> empenha<strong>dos</strong>,<br />

aliás, em “educar” o gosto do nosso público, “envenenado pelo dramalhão<br />

romântico” não conseguiram qualquer processo sensível para o nosso<br />

teatro <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nte. Ficamos, ao contrário, com um teatro fútil e parasitário,<br />

imitado ou simplesmente traduzido do francês, menos nacional que nunca,<br />

apesar <strong>dos</strong> propósitos e <strong>da</strong>s intenções regeneradoras <strong>de</strong> que estava inçado.<br />

Afinal, cabe o comentário <strong>de</strong> Raimundo Corrêa sobre o diletante:<br />

Há bastantes anos que ele abrilhanta assiduamente as colunas do nosso jornalismo;<br />

a sua pena <strong>de</strong>stra e nervosa não só pelo folhetim chistoso tem volateado,<br />

mas também pela poesia, pela sátira, pelo teatro e pela crítica, <strong>de</strong>slizando<br />

sem dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s nos assuntos mais graves, como nos mais leves assuntos, e<br />

quase que não há esfera <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> literária para a qual se não ache volta<strong>da</strong> alguma<br />

<strong>da</strong>s múltiplas faces do seu belo talento, nem <strong>de</strong>partamento nenhuma <strong>da</strong>s<br />

letras on<strong>de</strong> a sua passagem não tenha ficado mais ou menos assinala<strong>da</strong> por algum<br />

bom serviço.<br />

Essa complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> cerebral, rara e invejável aliás, é, no entanto, por uns<br />

visos <strong>de</strong> puro diletantismo, o que mais do que tudo o tem prejudicado, <strong>de</strong>primindo<br />

aos olhos <strong>da</strong> crítica mal preveni<strong>da</strong> o seu real e contestável merecimento.<br />

Que é que o faz não persistir por muito tempo e mais atira<strong>da</strong>mente num só<br />

terreno? Será aquele suposto diletantismo, ou bem uma outra causa que me-<br />

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