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Ciclo dos Fundadores da ABL - Academia Brasileira de Letras

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Patrocínio: Um jornalista na Abolição<br />

A fim <strong>de</strong> ocupar seu tempo, lança um projeto para construção <strong>de</strong> um balão<br />

dirigível – como aqui já narrou o Acadêmico Ivan Junqueira – cheio <strong>de</strong><br />

um gás mais leve do que o ar, e que, por isto mesmo, podia elevar-se e manter-se<br />

na atmosfera. Era uma réplica e um invento mais ou menos semelhantes<br />

ao “Pax” <strong>de</strong> Augusto Severo e ao “Demoiselle”, <strong>de</strong> Santos Dumont,<br />

que exigia investimentos pesa<strong>dos</strong> e inacessíveis ao seu bolso <strong>de</strong> jornalista<br />

<strong>de</strong>sempregado.<br />

Aprofun<strong>da</strong> seus estu<strong>dos</strong> sobre aerostática, aeronáutica, mecânica e física.<br />

Aperfeiçoa o seu projeto, consegue uma patente, mas não obtém o dinheiro<br />

necessário para executá-lo.<br />

Mais uma vez, candi<strong>da</strong>ta-se a um cargo político, agora ao Senado, na vaga<br />

<strong>de</strong>ixa<strong>da</strong> por Lopes Trovão.<br />

Tem uma plataforma socialista, <strong>de</strong> apoio às cama<strong>da</strong>s mais pobres. E novamente<br />

é <strong>de</strong>rrotado.<br />

Pela terceira vez, também, afasta-se <strong>de</strong> Rui, por causa <strong>de</strong> Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Morais:<br />

Rui, o Tartufo, contra Pru<strong>de</strong>nte; e Patrocínio, chamado <strong>de</strong> Aretino, a favor <strong>de</strong><br />

Pru<strong>de</strong>nte.<br />

Eram dois gigantes e dois ícones do jornalismo brasileiro, que se bicavam<br />

com muita facili<strong>da</strong><strong>de</strong> e que iriam hostilizar-se e reaproximar-se vezes<br />

sucessivas.<br />

Também com Carlos <strong>de</strong> Laet Patrocínio nunca teve muitas afini<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Viviam<br />

brigando. Certa tar<strong>de</strong>, quando os fun<strong>da</strong>dores <strong>de</strong>sta <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> – entre os<br />

quais ele próprio – ain<strong>da</strong> se reuniam na pequena sala do escritório <strong>de</strong> Rodrigo<br />

Octavio, à Rua <strong>da</strong> Quitan<strong>da</strong> 47, Patrocínio ali chegou e só havia uma ca<strong>de</strong>ira<br />

vaga, justamente bem ao lado <strong>de</strong> Laet.<br />

Patrocínio olhou, dirigiu-se para ela, mas antes quis saber:<br />

– Afinal <strong>de</strong> contas, nós dois, hoje, estamos <strong>de</strong> bem ou estamos <strong>de</strong> mal?<br />

– Estamos <strong>de</strong> bem.<br />

– Então, posso sentar-me. Boa-tar<strong>de</strong>.<br />

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