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Ciclo dos Fundadores da ABL - Academia Brasileira de Letras

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E assinala que Aurélio Buarque <strong>de</strong> Holan<strong>da</strong>, lembrando Eça <strong>de</strong> Queirós,<br />

afirmou ter Inglês <strong>de</strong> Sousa “o mesmo ritmo sereno e ondulante, o mesmo espraiamento<br />

<strong>da</strong>s palavras com breve estação nos inci<strong>de</strong>ntes para terminar com<br />

dois adjetivos <strong>de</strong> sentido e efeito sônico bem contrastante, a aliança do trivial e<br />

do raro, o jogo <strong>dos</strong> elementos díspares”.<br />

Josué Montello, no estudo que <strong>de</strong>dica a “A ficção naturalista”, em Ahistória<br />

<strong>da</strong> literatura no Brasil, coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong> por Afrânio Coutinho, discor<strong>da</strong> em parte,<br />

quando assinala:<br />

Aluísio Azevedo, Inglês <strong>de</strong> Sousa, Júlio Ribeiro e Adolfo Caminha, as<br />

quatro figuras representativas do Naturalismo brasileiro, inclinaram-se pela<br />

cópia <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, com um ou outro traço <strong>de</strong> tinta violenta e crua. Aos quatro<br />

faltou a ironia corrosiva com que Eça, na pintura <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> portuguesa,<br />

aten<strong>de</strong>u a seus propósitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>molição. Em compensação, souberam<br />

dispor <strong>da</strong> observação meticulosa, por vezes apaixona<strong>da</strong>, que, se não serviu a<br />

atrair a atenção para a reforma do mundo burguês, pelo menos fixou in<strong>de</strong>levelmente<br />

alguns instantes brasileiros, com aquela fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> níti<strong>da</strong> que faz<br />

do romance o espelho do tempo e <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. 12<br />

Se a apreciação, a nosso ver, colhe quanto a O missionário,emO coronel Sangrado<br />

há passagens do melhor <strong>de</strong> Eça, no tom e no estilo.<br />

No Inquérito promovido por João do Rio no Momento Literário, “Inglês <strong>de</strong><br />

Sousa afirmou que os autores que mais contribuíram para a sua formação literária<br />

foram Erckmann-Chartrian, Balzac, Dickens, Flaubert e Dau<strong>de</strong>t”. E João<br />

do Rio acrescenta: “Nessa relação não figuram, assim, Émile Zola, que parece<br />

ter-lhe inspirado o argumento <strong>de</strong> O missionário, e Eça <strong>de</strong> Queirós, que o impressionou<br />

com o ritmo <strong>de</strong> seu estilo”. E Josué pergunta: “Por que Erckmann-<br />

Chartrian?” Ele mesmo respon<strong>de</strong>:<br />

12 Ob. cit., p. 68.<br />

O ficcionista Inglês <strong>de</strong> Sousa<br />

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