<strong>Plano</strong> <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Polític<strong>as</strong></strong> <strong>para</strong> <strong>as</strong> <strong>Mulheres</strong> Outro <strong>de</strong>safio ao po<strong>de</strong>r público é o enfrentamento da violência contra <strong>as</strong> mulheres, em su<strong>as</strong> diferentes form<strong>as</strong> <strong>de</strong> expressão, variando do <strong>as</strong>sédio moral e da violência psicológica até <strong>as</strong> manifestações extrem<strong>as</strong> da agressão física e sexual. A violência contra a mulher é um dos principais indicadores da discriminação <strong>de</strong> gênero e um grave problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública. O Relatório Mundial da Organização d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> (ONU) sobre Violência, publicado em 2002, <strong>de</strong>staca: visível custo humano; elevado custo à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, relativo às internações e ao atendimento físico e psicológico; e repercussões no mercado <strong>de</strong> trabalho, em razão dos prejuízos ao <strong>de</strong>sempenho profissional da vítima. As mulheres br<strong>as</strong>ileir<strong>as</strong> são duplamente vítim<strong>as</strong> <strong>de</strong> situações violent<strong>as</strong>: como cidadãs se <strong>de</strong>frontam com <strong>as</strong> divers<strong>as</strong> form<strong>as</strong> <strong>de</strong> violência que atingem a socieda<strong>de</strong> br<strong>as</strong>ileira; como cidadãs e mulheres, com a violência <strong>de</strong> gênero. Esta forma <strong>de</strong> violência ocorre, fundamentalmente, no ambiente doméstico, sendo praticada, qu<strong>as</strong>e sempre, por homens da família. Protegidos pelos laços afetivos, eles po<strong>de</strong>m levar ao extremo <strong>as</strong> relações <strong>de</strong> dominação originad<strong>as</strong> na cultura patriarcal, centrada na idéia <strong>de</strong> sujeição d<strong>as</strong> mulheres ao exercício do po<strong>de</strong>r m<strong>as</strong>culino, e se necessário pelo uso da força (SPM, <strong>2004</strong>) 8 . Pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo, no ano <strong>de</strong> 2001, <strong>de</strong>monstra incoerênci<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> da invisibilida<strong>de</strong> do problema. Quando se pergunta <strong>de</strong> forma estimulada, 43% d<strong>as</strong> mulheres revelam ter sofrido violência, m<strong>as</strong>, espontaneamente, apen<strong>as</strong> 19% o admitem. As própri<strong>as</strong> vítim<strong>as</strong> per<strong>de</strong>m a dimensão da violência a que são submetid<strong>as</strong>, pela forma como esta é tratada socialmente. Isso prejudica a formulação <strong>de</strong> polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong>, pois um dos fatores que influenciam a ação do Estado é a pressão <strong>de</strong> grupos que, conscientes dos seus problem<strong>as</strong>, <strong>as</strong>sumem uma postura crítica e mobilizam a opinião pública. As informações disponíveis atestam que a violência contra a mulher é um fenômeno transversal que atinge mulheres <strong>de</strong> diferentes cl<strong>as</strong>ses sociais, origens, regiões, estados civis, escolarida<strong>de</strong>s ou raç<strong>as</strong>. Isto justifica a adoção <strong>de</strong> polític<strong>as</strong> <strong>de</strong> caráter universal, acessíveis a tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> mulheres, que englobem <strong>as</strong> diferentes modalida<strong>de</strong>s pel<strong>as</strong> quais ela se expressa. Nessa perspectiva, <strong>de</strong>ve ser também consi<strong>de</strong>rado o tráfico nacional e internacional <strong>de</strong> mulheres e menin<strong>as</strong>. O <strong>Plano</strong> <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Polític<strong>as</strong></strong> <strong>para</strong> <strong>as</strong> <strong>Mulheres</strong> - PNPM busca expressar <strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s e <strong>as</strong> expectativ<strong>as</strong> d<strong>as</strong> mulheres br<strong>as</strong>ileir<strong>as</strong> e da socieda<strong>de</strong> no que tange à formulação e à implementação <strong>de</strong> polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong> <strong>de</strong> promoção da igualda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> enfrentamento <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> questões. O <strong>Plano</strong> expressa ainda o compromisso do Governo Fe<strong>de</strong>ral com a construção da igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero e raça em nosso País. 27
Parte II <strong>Plano</strong> <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Polític<strong>as</strong></strong> <strong>para</strong> <strong>as</strong> <strong>Mulheres</strong> 29