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Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (2004

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<strong>Plano</strong> <strong>Nacional</strong> <strong>de</strong> <strong>Polític<strong>as</strong></strong> <strong>para</strong> <strong>as</strong> <strong>Mulheres</strong><br />

Um dos fatores que influenciam essa situação é que <strong>as</strong> mulheres rurais não são reconhecid<strong>as</strong> como<br />

agricultor<strong>as</strong>. El<strong>as</strong> própri<strong>as</strong>, muit<strong>as</strong> vezes, se percebem como don<strong>as</strong> <strong>de</strong> c<strong>as</strong>a que ajudam o marido na roça.<br />

El<strong>as</strong> têm pouca autonomia econômica e <strong>para</strong> gerenciar, inclusive, os recursos oriundos <strong>de</strong> seu trabalho.<br />

Além disso, el<strong>as</strong> consi<strong>de</strong>ram exagerada a documentação exigida pelos bancos e ina<strong>de</strong>quado seus<br />

procedimentos tradicionais em relação às agricultor<strong>as</strong>. Isto representa mais uma dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso ao<br />

crédito.<br />

O PRONAF é estruturado como um crédito à unida<strong>de</strong> familiar e compromete o conjunto <strong>de</strong> seus integrantes,<br />

m<strong>as</strong> seu interlocutor público é apen<strong>as</strong> uma pessoa, em geral o homem, marido e pai. Isto se expressa na<br />

Declaração <strong>de</strong> Aptidão ao PRONAF (DAP), que tem apen<strong>as</strong> um titular, em 88% dos c<strong>as</strong>os, homem20 . A<br />

DAP é o “p<strong>as</strong>saporte” <strong>para</strong> o crédito. Se uma agricultora <strong>de</strong>manda crédito, ela necessita que o marido faça<br />

a solicitação e <strong>as</strong>sine os requerimentos. Quando o pedido é feito pelo homem não é necessária anuência<br />

escrita da esposa21 . Com a introdução da DAP <strong>de</strong> titularida<strong>de</strong> conjunta e obrigatória do homem e da mulher<br />

na SAFRA <strong>2004</strong>/2005, abre-se um novo espaço <strong>para</strong> discussão.<br />

As agricultor<strong>as</strong> realizam ativida<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m melhorar <strong>as</strong> finanç<strong>as</strong> d<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong>, não pela renda direta do<br />

produto m<strong>as</strong> pela economia do consumo. Muit<strong>as</strong> vezes, questionam o mo<strong>de</strong>lo agroquímico e querem<br />

<strong>de</strong>senvolver prátic<strong>as</strong> agroecológic<strong>as</strong>. Querem ousar em mercados nos quais percebem potencial, m<strong>as</strong> que<br />

são <strong>de</strong> um universo diferente daquele dos técnicos, como plant<strong>as</strong> medicinais ou artesanato. Na maioria d<strong>as</strong><br />

vezes, se sentem mais segur<strong>as</strong> com valores pequenos, que não comprometem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

endividamento da família e permitem experimentar antes <strong>de</strong> correr maiores riscos.<br />

O sistema <strong>de</strong> ATER é insuficiente. O pouco que existe, em geral, não percebe esta realida<strong>de</strong>, pois, na<br />

maioria d<strong>as</strong> vezes não reconhece <strong>as</strong> mulheres como agricultor<strong>as</strong> e não enfrenta <strong>as</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gênero.<br />

A ausência <strong>de</strong> documentação civil e trabalhista impe<strong>de</strong> o reconhecimento da condição cidadã d<strong>as</strong> mulheres.<br />

Os movimentos sociais, especialmente o d<strong>as</strong> mulheres, são protagonist<strong>as</strong> <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>núncia e d<strong>as</strong> soluções.<br />

São exemplos: a campanha pelo bloco da produtora rural22 na região sul e a campanha <strong>de</strong> documentação<br />

sindical d<strong>as</strong> mulheres <strong>para</strong> reconhecimento da trabalhadora rural. Dentre <strong>as</strong> principais dificulda<strong>de</strong>s existentes<br />

<strong>para</strong> a obtenção <strong>de</strong> documentos estão os custos necessários <strong>para</strong> a sua efetivação. É consenso que o CPF<br />

é o menos acessível, seguido da carteira <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e do registro no INSS, sendo este último imprescindível<br />

no meio rural br<strong>as</strong>ileiro, por comprovar a condição <strong>de</strong> segurado especial <strong>para</strong> efeito <strong>de</strong> aposentadoria.<br />

A capacitação <strong>para</strong> enfrentar <strong>as</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s no mundo do trabalho é vista como essencial <strong>para</strong> a inclusão<br />

social, <strong>para</strong> o crescimento com geração <strong>de</strong> trabalho, emprego e renda ambientalmente sustentável, ampliação<br />

da probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> permanência no mercado <strong>de</strong> trabalho e elevação <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>.<br />

No âmbito do Ministério do Desenvolvimento Agrário, foi criado, em 2003, o Programa <strong>de</strong> Promoção da<br />

Igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Gênero, Raça e Etnia, com a missão <strong>de</strong> transversalizar e promover o acesso d<strong>as</strong> mulheres<br />

rurais, populações quilombol<strong>as</strong> e povos indígen<strong>as</strong> n<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong> <strong>de</strong> acesso à terra, <strong>de</strong>senvolvimento<br />

agrícola e na ampliação da cidadania.<br />

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