28.02.2014 Views

Síxpavoi

Síxpavoi

Síxpavoi

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

8<br />

Atxpavoi: DA DUPLA VISÃO AO DISCERNIMENTO 317<br />

considerar-se como os que preservam a própria unicidade do caminho<br />

dúplice do pensamento de Parménides. Com efeito, esta<br />

expressão integra-se no contexto da transição da via da Verdade<br />

para a via da Opinião, no contraste do caminho viável com o<br />

caminho impossível exactamente como o caminho que impossibilita<br />

a possibilidade e possibilita a impossibilidade. Só tem um rosto<br />

— o do anonimato; só tem um sinal, o do embaraço — trata-se<br />

da dissociação dos caminhos, da encruzilhada, não tanto como<br />

ponto opcional de escolha entre dois caminhos mas como aquele<br />

cuja circularidade permite e exige dizer o que é possível—o do Ser<br />

e da Verdade, e o que é ele próprio na sua circularidade confusa— um<br />

dizer do não-ser como sendo e não sendo ao mesmo tempo .<br />

28<br />

Os Síxpavot não são os que por cometerem a contradição a<br />

legitimam de um modo principal. O princípio de não-contradição<br />

supõe uma só cabeça, um só Aóyoç, um só momento — simul,<br />

enquanto a oposição dos <strong>Síxpavoi</strong> no caminho de encruzilhada e<br />

na circularidade em que é convertido esse caminho supõe uma<br />

dualidade lógica e ontológica, um nível de manifestação do real<br />

irredutível à contradição como irredutível à conciliação: é o duplo<br />

momento da própria duplicidade que advém sob o segredo da<br />

meditação numérica e pitagórica do Poema de Parménides naquilo<br />

que se poderia chamar o primeiro tempo esquizóide de toda a<br />

heteronímia filosófica .<br />

29<br />

Compreender-se-á então como, quando Bachelard chama a<br />

atenção para a estrutura fundamentalmente esquizóide de toda a<br />

ciência, se está tão longe da aurora do pensamento em que ainda<br />

não existe uma duplicidade de vias ou de experiências e em que os<br />

signos da duplicidade da própria via são forças vivas e energias<br />

activas para quem leia, dramatize, conte ou cante o poema dos<br />

<strong>Síxpavoi</strong> de Parménides, que lembra toda a épica desde a identificação<br />

totémica até à simplicidade do verso de Heidegger que constitui<br />

apelo: 'nada mais, caminhar para uma estrela' .<br />

30<br />

2 8<br />

Cf. PARMÉNIDES, frag. 6, 8-9:» (...) OLÇ xò téXeiv TE xal oúx stvat TaÚTÒv<br />

vevófuaToa/ xoü TaÒTÓv, (...)» (Cf. também infra p. 332.<br />

2 9<br />

Pode-se chamar a atenção para a unidade da própria diferença, para a Díade<br />

pitagórica em exercício de discernimento ontológico. Cf. infra pp. 340 esegs. O. LAFFOUCRIÈRE,<br />

Le Destin de la Pensée et "La Mort de Dieu» selon Heidegger, pp. 57-58: (7. Le royaume<br />

de la doxa, c'est celui du parler du langage; 8. La voix du non-être ou l'unité ontologique<br />

qui est à l'origine de l'alètheia et de la doxa). Em toda esta questão está presente o problema<br />

da diferença ontológica como adiante se verá.<br />

3 0<br />

Cf. G. BACHELARD, La psychanalyse du Feu, Paris, Gallimard, 1949, pp. 9-10;<br />

M. HEIDEGGER, Aus der Erfahrung des Denkens, p. 7:«/Auf einen Stem zugehen, nur<br />

dieses./».

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!