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Síxpavoi

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344 didaskalia<br />

protótipo da armadura, símbolo de força e fertilidade, sinal viril<br />

comparável à vis do juvenis ou ao vir e ao áv/jp . Todos<br />

estes dados primitivos de uma antropologia de muito difícil m reconstituição<br />

e, por outro lado, bastante esquecida numa investigação<br />

recente vêm confirmar o achado do termo <strong>Síxpavoi</strong> como significativo<br />

de uma concepção primitiva do homem no tempo de<br />

Parménides.<br />

A doxografia atribui a Anaximandro a afirmação de que o<br />

homem teria provindo do peixe . Esta referência que entrou na<br />

tradição e que ainda hoje constitui 118 um dito do senso comum nas<br />

suas determinações de tradição popular difusa, poderá ser revalorizada<br />

se se atender a primitivas concepções imagéticas dc estádios<br />

primordiais de morfogénese do corpo humano, da embriologia<br />

arcaica das suas próprias forças construtoras ou mesmo de uma<br />

entidade antepassada do homem. Não se trata apenas de analogias<br />

integráveis no quadro de uma zoologia comparada, de uma arqueologia<br />

ou de uma paleontologia, mas de uma manifestação de<br />

evidência ao nível de uma compreensão filosófica mais profunda<br />

de condições originárias e modelares do próprio homem .<br />

119<br />

Uma perspectiva de gnose semelhante será de aplicar aos <strong>Síxpavoi</strong><br />

no contexto do primitivo pensamento grego. De facto, entre o<br />

peixe ou o anfíbio de Anaximandro e os <strong>Síxpavoi</strong> ou os animais<br />

com armadura, provavelmente bois, de Parménides existem afinidades<br />

à primeira leitura insuspeitáveis.<br />

O carácter diluído e difuso de um meio sem contrastes nítidos<br />

em que aparece o peixe-homem corresponde a uma noção fluída<br />

do próprio corpo humano comparável essencialmente a uma cabeça<br />

sem membros, a um espaço de interioridade sensorial, a um vaso<br />

do sopro vital que praticamente não mantém quaisquer relações<br />

motoras, sensoriais ou cognoscíveis em relação ao exterior.<br />

1 1 7<br />

Como se poderá ver, quando se fizer referência ao simbolismo bíblico, a armadura<br />

córnea é muitas vezes mencionada como símbolo de especial santidade. Cf. ainda ONIANS,<br />

The Origins of European Thought, p. 236.<br />

1 1 8<br />

Cf. Doxografia sobre Anaximandro de AETIUS, V, 19, 4 (D. K., t. I, p. 88);<br />

PLUTARCO, Symp., VIII, 8, 4, p. 730 e,: «èv R/Í}ÚA'.M èvYsvéaftai TÒ TtptÕTOM âvôptí>TO>UÇ<br />

ároxpaíveTat xal rpaçévTaç, cocrerep oE yaXeoí, xaí yevo[/ivouç íxavoòç éauTotç<br />

ßovj-9-Eiu 4xß^vai nr)vixaÜTa xal yrjç XapÉaôat.» (D. K., t. I., p. 89).<br />

1 1 9<br />

São exemplo desta sobrevivência do tema ao longo da cultura ocidental os<br />

símbolos do «peixe» em variadíssimas concretizações: o signo astrológico, Jonas e a baleia, etc.;<br />

cf. C. G. JUNG, Aion: Untersuchungen zur Symbolgeschichte (Psychologische Abhandlungen,<br />

VIII), Zürich, Rascher Verlag, 1951, pp. 127-266.

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