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Síxpavoi

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Aíxpocvoi: DA DUPLA VISÃO AO DISCERNIMENTO 335<br />

dado que está suposto no Estagirita não existir plano físico ou<br />

metafísico real de acontecimento da própria contradição. Da delimitação<br />

que a Natureza permite realizar à própria impossibilidade<br />

lógica como tal, resulta o postulado fundamental do sentido da<br />

realidade como realidade do próprio sentido. Daí à concepção<br />

de verdade como adequação, à concepção de não-ser como mera<br />

privação e do nada entendido como negação, originalmente sempre<br />

de estatuto lógico, segue-se toda uma linha coerente de pensamento<br />

que reporta os <strong>Síxpavoi</strong>. aos dialécticos, no sentido que o<br />

Estagirita lhes dá, ou seja, o de sofistas, falaciosos, possuídos por<br />

uma retórica em última análise contraditória .<br />

84<br />

Para além desta interpretação que se referiu em linhas muito<br />

gerais existe aquela outra que deriva nomeadamente de uma diferente<br />

caracterização dos <strong>Síxpavoi</strong> através também de diversa significação<br />

atribuída à dialéctica. Trata-se da interpretação que radica<br />

numa versão relacional e participativa da dialéctica no pensamento<br />

platónico .<br />

Não 85 são consideradas apenas duas vias no «Poema», mas três:<br />

a via da revelação da Verdade e do ser; a via do não-ser que<br />

ainda é referenciada a partir da Verdade; e, a via da Opinião,<br />

da manifestação fenoménica e da variação lógica . O critério<br />

lógico rigoroso que, segundo Aristóteles, separava 86 o verdadeiro<br />

8 4<br />

Se o não-ser pode reduzir-se a uma negação (como ainda em Bergson persiste o<br />

modo de pensamento aristotélico, cf. II. BERGSON, «L'existence et le néant» in: Vévolution<br />

créatrice (Oeuvres, pp. 728-747)) e se a verdad; pode confundir-se com uma adequatio<br />

como ainda em S. Tomás, então os Síxpavot como seres que praticam a contradição<br />

cometem a ilegítima fusão dos opostos ao afirmarem que o ser e o não-ser (sua negação)<br />

são e não são o mesmo (adequação).<br />

8 5<br />

Cf. as interpretações que põ.m em relevo a terceira via do «Poema». Cf. ZELLER-<br />

-MONDOLFO, La Filosofia dei Greci, parte I, vol. III, p. 191: «Ma dal verso 4 in poi,<br />

si parla di un'altra via: quella sulla quale i mortali vanno errando: si tratta pertanto, di una<br />

«terza via» (...)•» Cf. também Jean BRUN, Les présocratiques, Paris, P. U. F., 1968, pp. 73<br />

e segs.; e Jean WAHL, Vers la fin de 1'ontologie, — Étude sur Vintroduction datis la métaphysique<br />

par Heidegger. Paris, SEDES, 1956, p. 119.<br />

8 6<br />

A terceira via é entendida como uma via de erro, mas também como via de<br />

manifestação e caminho de sabedoria. Zeller e Mondolfo tomam-na como uma via do<br />

erro (Ibid., p. 191); para Guthrie a terceira via é uma fusão ilegítima das duas outras<br />

(A History of Greek Philosophy, vol. II, p. 22). Martin HEIDEGGER (Einführung in die<br />

Metaphysik, p. 86) aponta o triplo caminho e refere a terceira via ao real conhecimento<br />

ou verdadeira sabedoria: «Ein wahrhaft wissender Mann ist deshalb nicht jener, der blindlings<br />

einer Wahrheit nachlauft, sondern nur jener, der ständig alle drei Wege, den des Seins, den<br />

des Nichtseins und den des Scheins weiss. Überlegenes Wissen, und jedes Wissen ist<br />

Überlegenheit, wird nur dem geschenkt, der den beflügelnden Sturm auf dem Weg des<br />

Seins erfahren hat, dem der Schrecken des zweiten Weges zum Abgrund des Nichts<br />

nicht fremd geblieben ist, der jedoch den dritten Weg den des Scheins, als ständige<br />

Not übernommen hat.» (Veja-se em oposição a opinião de UNTERSTEINER, Parmenide, p. CXIX,<br />

nota).

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