Síxpavoi
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Aíxpavoi: da dupla visão ao discernimbnto 375<br />
o quaternário esfíngico, muitas vezes figurado também no simbolismo<br />
bíblico. No entanto, na tradição iconográfica persiste de<br />
modo curioso o simbolismo do Síxpavoç como um ser com dois<br />
cornos. Assim, na figura de Moisés esculpida por Miguel Angelo<br />
como em muitas outras representações do grande patriarca aparecem-nos<br />
dois cornichos como centro de irradiação da luz, como<br />
sinal de clarividência e dom de santidade .<br />
Todos estes aspectos amplificam extraordinariamente 237 a virtualidade<br />
simbólica contextual dos <strong>Síxpavoi</strong> até ao ponto de reconhecermos<br />
na literatura contemporânea de ficção lógica, como por<br />
exemplo a de Lewis Carroll, a persistência de um mundo em<br />
que os seres são bi-faces ou bidimensionais como cartas de jogar,<br />
em que se passa para o mundo da imagem através do espelho<br />
como que na reconquista do duplo, e em que, enfim, se vive a<br />
ambiguidade levada ao limite . Estes últimos desenvolvimentos<br />
de carácter esquizóide do 238 tema dos <strong>Síxpavoi</strong> estão já muito<br />
distantes do contexto simbólico próximo dos Síxçxvoi, mas ajudam<br />
a compreender como a duplicidade de visões, de mentes-crâneos e<br />
de orientações-pontas ou cornos representam um momento arquetípico<br />
na génese da inteligibilidade humana e do humano.<br />
Conclusão: Para uma nova semiótica dos Síxpavot de<br />
Parménides<br />
Por tudo o que fica dito, pelo contexto histórico, pelo levantamento<br />
lexical e etimológico, pela hermenêutica filosófica e cultural<br />
e até pela referência simbólica e poética, seria de esperar que<br />
nesta conclusão fossem objectivadas algumas respostas a diversos<br />
níveis à questão fundamental que desde início tem sido posta:<br />
que são os <strong>Síxpavoi</strong>? E, mais ainda, exigir-se-ia naturalmente a<br />
defesa de uma tese ou pelo menos o carácter tético dessas respostas.<br />
No entanto, sente-se que a conclusão é de si mesma incoativa e<br />
que se renova no ciclo de um dizer agora mais lúcido da luz de<br />
um antigo dia, reinvestindo ao crepúsculo a própria madrugada no<br />
máximo do dizível e do pensável, ou seja, na metáfora. Metáfora<br />
2 3 7<br />
A escultura de «Moisés» de Migual Ângelo, encontra-se na Igreja de S. Pedro<br />
in Vincoli em Roma.<br />
2 3 8<br />
Cf. Lewis CARROLI, Alice in Wonderland, in «The Annotated Alice», Penguin<br />
Books, pp. 106-107.