Síxpavoi
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Aíxpavoi: da dupla visão ao discernimbnto 361<br />
dorso existem muitas outras de serpentes; a Hidra é uma serpente<br />
com várias cabeças, por vezes descritas como cabeças humanas, que<br />
tinham o poder de renascer quando cortadas, havendo a notar a<br />
cabeça principal que era a do meio e imortal; a Quimera aparece<br />
como um misto de cabra e de leão, e de serpente também, por<br />
vezes referida com várias cabeças que sopravam chamas .<br />
179<br />
Prescindindo de um aprofundamento do simbolismo dos<br />
elementos nestas figuras paralelas e complementares à da Hidra,<br />
que se tomou como símbolo próximo dos <strong>Síxpavoi</strong>, verifica-se a<br />
existência da policefalia em toda esta geração mitológica. A Hidra<br />
serve de confronto mais directo para a compreensão da conquista<br />
do humano no mito primitivo. De facto, Héracles é o herói que<br />
mata a Hidra de Lerna .<br />
Se Cerebero é a potência 180 do limiar que se tem de ultrapassar<br />
na descida aos infernos e na iniciação da morte, o combate com a<br />
Hidra de Lerna é um dos trabalhos do homem como herói. Por<br />
outro lado, as três cabeças de Cerebero e as muitas outras de<br />
serpentes, também as de Tífon, as do cão Ortrós e as da Quimera<br />
não têm a característica mais importante que aparece na Hidra,<br />
ou seja, o renascimento e a regeneração dessas cabeças .<br />
A interpretação psicanalítica do combate de Héracles 181 com a<br />
Hidra torna-se evidenciadora de uma reintegração da consciência<br />
pela luta e vitória sobre as paixões multímodas. E, compreende-se<br />
que a escolha da Hidra corresponda a um simbolismo líquido do<br />
psiquismo e das suas forças fluídas predominantemente emocionais .<br />
As três cabeças de Cerebero ou as muitas outras de outros<br />
182<br />
monstros representam sempre uma pluralidade já organizada de uma<br />
maneira triádica ou ainda proliferando indefinidamente. Porém,<br />
as sete, cinco ou seis cabeças da Hidra ou as cem, encontram-se<br />
em torno da cabeça central que está no meio. Esta cabeça que se<br />
tem de descobrir entre as outras é o ponto vulnerável, é o coração<br />
imortal desse corpo monstruoso. Começa, então, a entender-se como<br />
1 7 9<br />
Cf. APOLODORO, Bibi., II, 1: «(...) el/s 8k 7tp0T0[/iv jièv XéovToç, oùpàv 8è<br />
Spáxovfoç, TpÍT7]v St xeçaXfyi [iéffrçv cdyáç, Si R;Ç mip àvíei.» e também P. GRIMAL,<br />
Dictionnaire de la Mythologie Grecque et Romaine, p. 90 a.<br />
1 8 0<br />
Cf. M. SIMON, Hercule et le Christianisme. Veja-se também P. DIEL, Le Symbolisme<br />
dans la Mythologie grecque, pp. 201 e segs..<br />
1 8 1<br />
Sobre o renascimento e reprodução de cabeças Cf. APOLODORO, Bibi., II, 2: «-R£j<br />
po7táX(i) Sè xàç xe