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Síxpavoi

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362 didaskalia<br />

dentro deste simbolismo da Hidra a descoberta do ponto de agregação<br />

ou do centro para o qual tendem as várias forças corresponde<br />

ao sentido construtivo de uma busca apolínea do corpo e da sua<br />

harmonia.<br />

As cabeças que procuram um corpo encontram-se na periferia<br />

do mesmo ocultando aquela que representa o centro e naturalmente<br />

a unidade do próprio ser. Quando essa unidade se manifesta pela<br />

subordinação de todas as forças-cabeças temos a metamorfose do<br />

monstro no homem ou da Hidra em Héracles.<br />

Ora, os <strong>Síxpavoi</strong> de Parménides têm características humanas e,<br />

mesmo se se lembrar o texto citado de Empédocles, estas características<br />

não desaparecem por completo 183 . A morfologia do humano<br />

é dada sobretudo pela presença do rosto ou da cabeça e é curioso<br />

notar-se que nos monstros do tipo da Hidra essas cabeças são<br />

muitas vezes descritas como cabeças de tipo humano, embora<br />

flamejantes e com poderes supra-humanos.<br />

São estas referências que tornam próximo o símbolo da Hidra<br />

ao símbolo dos <strong>Síxpavoi</strong> esperando até ver-se as muitas cabeças da<br />

Hidra simplificadas na dualidade originária dos <strong>Síxpavoi</strong>, que então<br />

deveriam ser caracterizados por cabeças de animais, por exemplo<br />

de serpentes. Mas, a irregularidade da simetria simbólica que se<br />

pretenderia estabelecer vem também mostrar que os <strong>Síxpavoi</strong>, como<br />

estrutura dual do humano, como momento prévio à descoberta do<br />

centro e da sua unidade, não são, de facto, o correlato da Hidra.<br />

Os <strong>Síxpavoi</strong> têm uma virtualidade simbólica mais complexa<br />

e não são sinónimos de um estádio de dissolução animal do humano,<br />

nem sequer de um estádio humano de agregação do próprio<br />

animal.<br />

Outra das figuras emblemáticas que parece muito mais próxima<br />

dos <strong>Síxpavoi</strong> já não provém da antiga tradição teogónica da poli-<br />

-cefalia mas corresponde a uma tradição latina do deus bi-fronte ou<br />

bi-face que é Janus 184 . Este deus aparece como o guardião das<br />

passagens, dos pórticos e das portas, das mutações e das iniciações,<br />

guardando os caminhos e as encruzilhadas, no seu sempre dúplice<br />

sentido, podendo olhar para os dois lados ao mesmo tempo 185 .<br />

1 8 3<br />

Cf. EMPÉDOCLES, frag. 61 (D. K„ t. I, p. 334).<br />

1 8 4<br />

Cf. P. GRIMAL, Dictionnaire de la Mythologie grecque et romaine, pp. 241-2.<br />

1 8 5<br />

Cf. J. CHEVALIER, Dictionnaire des Symboles, p. 427 b.

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