Síxpavoi
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370 didaskalia<br />
em rodas ou círculos, uma analogia a entidades andróginas primordiais.<br />
Todavia, o simbolismo bíblico, que não se pode reduzir a<br />
essa pretensa analogia, quer na visão do carro divino em Ezequiel,<br />
quer em visão paralela no Livro do Apocalipse, mostra a familiaridade<br />
do espírito hebraico com as figurações de seres com várias<br />
faces e que entre si representam atributos complementares e indissociáveis<br />
. Entretanto, a persistência do quaternário, mais tarde<br />
do tetramorfo, 215 e, em geral, do simbolismo da esfinge afasta-se do<br />
contexto directamente relacionável com os <strong>Síxpavoi</strong> .<br />
A androginia constitui um paradigma simbólico para 216 o entendimento<br />
dos <strong>Síxpavoi</strong>, mas na sua compreensão predominantemente<br />
morfológica resolve em termos de crise ou de separação a<br />
génese da própria dualidade que então aparece como sinal de<br />
imperfeição. O andrógino será quando dualizado um homem<br />
dividido, tema que, aliás, se irá perpetuar na filosofia platónica e<br />
neo-platónica . Na transição, na crise do andrógino parece situar-se<br />
o lugar dos <strong>Síxpavoi</strong>.<br />
217<br />
Um outro contexto simbólico das criaturas de Parménides é<br />
designável pela Esfinge, que representa o nó entre os vários elementos,<br />
as várias naturezas, as várias realidades . A Esfinge<br />
cuja origem remonta ao Médio Oriente antigo e 218 cujas tradições<br />
persistem nos caribous assírios, como nos querubins da tradição<br />
judaico-cristã, está presente na mitologia greco-latina como entidade<br />
do limiar, da iniciação, paradigmatizada pelo enigma proposto a<br />
Édipo .<br />
219<br />
A Esfinge comporta-se como o nó górdio que tem de ser<br />
decifrado e cujo corte supõe trágico destino. E num horizonte de<br />
tragédia, e das origens da própria tragédia que esse dragão ou<br />
monstro com rosto humano interroga o próprio homem acerca do<br />
homem .<br />
220<br />
215 Ez., 1, 10; Ap. 4,6 e segs..<br />
2 1 6<br />
Sobre o simbolismo do tetramorfo cf. G. de CHAMPEAUX, Introduction au monde<br />
des symboles, Yonne, ed. Zodiaque, 1966, pp. 375 e segs..<br />
2 1 7<br />
Este tema aparece sobretudo no neo-platonismo. Cf. J. TROUILLARD, La purification<br />
plotinienne, Paris, P. U. F., 1955, pp. 209-210.<br />
2 1 8<br />
Quanto ao termo açíyÇ cf. o seu significado etimológico de «nó», de atpí-fftú,<br />
amarrar, enliar.<br />
2 1 9<br />
Sobre o símbolo da Esfinge cf. J. CHEVALIER, Dictionnaire des Symboles, pp. 722-723.<br />
Cf. também André DESSENNE, «Le Sphinx, d'après l'iconographie jusqu'À l'arcaïsme grec»:<br />
Eléments Orientaux dans la Religion grecque Ancienne (colloque de Strasbourg 22-24 mai 1958),<br />
Paris, P. U. F., 1960, pp. 155-161.<br />
2 2 0<br />
Trata-se do enigma ou da prova que representa um limiar de iniciação.<br />
Cf. APOLODORO, Bibi., III, 5, 8: «(...) TÒ AÍVIY(j.a • rí !