21.05.2014 Views

Literatura e Jornalismo: Fato e ficção em Abusado e Cidade de Deus

Literatura e Jornalismo: Fato e ficção em Abusado e Cidade de Deus

Literatura e Jornalismo: Fato e ficção em Abusado e Cidade de Deus

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

128<br />

que resultou na morte <strong>de</strong> Cabeludo e na tomada do comando do tráfico<br />

por Zaca, Juliano passou a ser perseguido pelos quadrilheiros inimigos.<br />

Teve que <strong>de</strong>ixar a favela para morar no morro do Cantagalo com o casal<br />

Paulista e Maria Brava. A convivência com casal, que passa a ser sua<br />

segunda família, vai mostrar a Juliano “o caminho do crime como meio<br />

<strong>de</strong> vida” (p. 143).<br />

Se Paulista e Brava são os mentores <strong>de</strong> Juliano, Carlos da<br />

Praça –o atravessador, que <strong>de</strong>pois se voltaria contra Juliano para tirá-lo<br />

da chefia do tráfico no morro – vai ser o condutor <strong>de</strong> Juliano no percurso<br />

para se tornar o dono do morro Dona Marta. É ele qu<strong>em</strong> alimenta o<br />

<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> Juliano <strong>de</strong> se vingar da quadrilha que o expulsou da favela e a<br />

ambição <strong>de</strong> retomar o morro do comando <strong>de</strong> Zaca e se tornar o novo<br />

chefe do tráfico no local. Não apenas isso, mas convoca Juliano para<br />

levar a droga a outros estados. Os interesses dos dois convergiam, com a<br />

guerra Carlos da Praça também havia perdido seu posto <strong>de</strong> fornecedor da<br />

Santa Marta e tinha interesse <strong>em</strong> ter um hom<strong>em</strong> <strong>de</strong> sua confiança no<br />

comando do tráfico na favela. A retomada acontece como planejara<br />

Carlos da Praça:<br />

- Chegou a tua hora, Juliano. Você vai comandá o bon<strong>de</strong><br />

- disse Carlos da Praça assim que reencontrou Juliano no<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Juliano ficou orgulhoso com a missão, mas reagiu como<br />

se não <strong>de</strong>sse muita importância ao papel <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>r.<br />

- A verda<strong>de</strong>ira li<strong>de</strong>rança será a nossa união! - respon<strong>de</strong>u,<br />

s<strong>em</strong> <strong>de</strong>ixar muito claro que estava concordando com a<br />

tarefa.<br />

Mas na hora <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir a formação do bon<strong>de</strong> e a tática do<br />

ataque, aos poucos a voz <strong>de</strong> Juliano foi naturalmente se<br />

impondo. (BARCELLOS, 2004, p. 179)<br />

A li<strong>de</strong>rança <strong>de</strong> Juliano <strong>de</strong>sponta – pela palavra e pela atitu<strong>de</strong> –<br />

e t<strong>em</strong> o apoio dos criminosos mais experientes. Após a retomada do<br />

morro, no entanto, Juliano t<strong>em</strong> que dividir com outros dois quadrilheiros,<br />

Claudinho e Raimundinho, a gerência do tráfico no Dona Marta. Os

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!