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Literatura e Jornalismo: Fato e ficção em Abusado e Cidade de Deus

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<strong>de</strong> mundo e por uma cultura própria – características que compõ<strong>em</strong> os<br />

atributos específicos da profissão.<br />

O jornalismo trata dos acontecimentos da atualida<strong>de</strong>, dos<br />

eventos imediatos, das novida<strong>de</strong>s do dia. O presente é o t<strong>em</strong>po do<br />

jornalismo. Essa característica influi também na própria percepção da<br />

notícia; assim, os acontecimentos mais recentes, <strong>de</strong>ntro dos critérios <strong>de</strong><br />

noticiabilida<strong>de</strong>, são os mais valorizados. A cultura jornalística é marcada<br />

pela urgência <strong>de</strong> noticiar “<strong>em</strong> primeira mão” o fato, numa constante<br />

corrida contra o relógio, como ressalta Traquina: “o fator t<strong>em</strong>po<br />

condiciona todo o processo <strong>de</strong> produção das notícias” (2004, p. 37).<br />

Sobre o imediatismo na imprensa Leão Serva <strong>de</strong>staca:<br />

A expressão do t<strong>em</strong>po, tal como aparece nos meios <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>de</strong> massa e no jornalismo, é uma<br />

representação específica, que paga aos acontecimentos<br />

apenas o tributo da verossimilhança. Sua função<br />

primordial não é a <strong>de</strong> informar sobre os t<strong>em</strong>as que<br />

noticia, mas <strong>de</strong> sincronizar a socieda<strong>de</strong>, e para tanto<br />

<strong>de</strong>ve impor aos consumidores da mídia a visão do t<strong>em</strong>po<br />

específica <strong>de</strong>ssa cultura. (SERVA, 2001, p. 127)<br />

O trabalho com os acontecimentos do presente – e também a<br />

cultura do imediatismo – <strong>de</strong>termina a natureza da prática jornalística e<br />

exige competências profissionais específicas. Traquina recorre à pesquisa<br />

realizada pelos professores cana<strong>de</strong>nses Richard Ericson, Patricia<br />

Baranek e Janet Chan 48 , da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Toronto, para <strong>de</strong>screver os<br />

saberes profissionais envolvidos na capacida<strong>de</strong> performativa dos<br />

jornalistas: “saber <strong>de</strong> reconhecimento”, “saber <strong>de</strong> procedimento” e “saber<br />

<strong>de</strong> narração”. (TRAQUINA, 2005, pp. 41-2). Condicionados por estas<br />

competências performativas, argumenta Traquina, os jornalistas partilham<br />

uma maneira particular <strong>de</strong> ver, <strong>de</strong> agir e <strong>de</strong> falar.<br />

48 Visualizing Deviance: A Study of News Organization (1987).

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