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Literatura e Jornalismo: Fato e ficção em Abusado e Cidade de Deus

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65<br />

O ato <strong>de</strong> narrar implica a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po e <strong>de</strong> movimento, ou<br />

seja, a representação <strong>de</strong> ações e transformações que se <strong>de</strong>senrolam <strong>em</strong><br />

sequências numa dimensão t<strong>em</strong>poral, isto é, numa sucessão <strong>de</strong> eventos<br />

que se estabelec<strong>em</strong> pela relação <strong>de</strong> anteriorida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> posteriorida<strong>de</strong>. O<br />

discurso jornalístico, assim, não po<strong>de</strong> ser visto como completamente<br />

estático pois há s<strong>em</strong>pre uma narrativa mais ampla, uma metanarrativa, na<br />

qual ele parece encaixar-se, ou <strong>em</strong> termos comparativos, por ex<strong>em</strong>plo, a<br />

guerra do Iraque é como a do Vietnam, a crise econômica <strong>de</strong> 2008 é tão<br />

grave quanto a <strong>de</strong> 1929 etc.; ou <strong>em</strong> termos cumulativos: outro <strong>de</strong>sastre,<br />

mais um fim <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ana <strong>de</strong> violência; ou num <strong>de</strong>sdobramento, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, uma crise política, um golpe <strong>de</strong> estado, uma CPI etc.; ou ainda<br />

através <strong>de</strong> conexões históricas, <strong>de</strong>liberadas ou não, entre os fatos.<br />

III<br />

A crise que se vê hoje na gran<strong>de</strong> imprensa – atribuída à<br />

crescente expansão da internet, à influência das novas formas <strong>de</strong><br />

comunicação e à mudança <strong>de</strong> interesses das novas gerações – indica<br />

que o jornalismo comprometido com a cobertura dos acontecimentos<br />

importantes e as gran<strong>de</strong>s reportagens que procuram aprofundar questões<br />

<strong>de</strong>terminantes na atualida<strong>de</strong> têm perdido espaço para a informação<br />

tratada como entretenimento, <strong>em</strong> abordagens triviais ou sensacionalistas,<br />

prática cada vez mais comum nos meios <strong>de</strong> comunicação e que passou a<br />

ser conhecida na língua inglesa como infotainment – infoentretenimento,<br />

<strong>em</strong> português – ou, num português anglicizado, showrnalismo, como<br />

prefere José Arbex (2001). De qualquer forma, é informação tratada como<br />

espetáculo. A gran<strong>de</strong> imprensa acaba, assim, muitas vezes<br />

espetacularizando as notícias – tratando <strong>de</strong> t<strong>em</strong>as que excitam a

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