21.05.2014 Views

Literatura e Jornalismo: Fato e ficção em Abusado e Cidade de Deus

Literatura e Jornalismo: Fato e ficção em Abusado e Cidade de Deus

Literatura e Jornalismo: Fato e ficção em Abusado e Cidade de Deus

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

73<br />

engessar o texto jornalístico na fórmula praticada com muita frequência<br />

pelo jornalismo diário que busca respon<strong>de</strong>r às questões “quê? qu<strong>em</strong>?<br />

como? quando? on<strong>de</strong>? e por quê?” no primeiro parágrafo do texto. 6)<br />

Evitar os <strong>de</strong>finidores primários, ou seja, escapar das fontes oficiais que<br />

legitimariam a informação veiculada, para que fontes alternativas foss<strong>em</strong><br />

valorizadas e outras perspectivas se abriss<strong>em</strong> na interpretação dos<br />

fatos 37 . 7) Por fim, o autor <strong>de</strong>staca a perenida<strong>de</strong> – uma reafirmação do<br />

que ele coloca anteriormente como visões mais amplas da realida<strong>de</strong> –<br />

que coinci<strong>de</strong> com o que diz Edvaldo Pereira Lima sobre a “transformação<br />

da atualida<strong>de</strong> <strong>em</strong> cont<strong>em</strong>poraneida<strong>de</strong>”, isto é, uma abordag<strong>em</strong> para além<br />

do imediato que se <strong>de</strong>slocaria “da ocorrência para a permanência”<br />

(PEREIRA LIMA, 2004, p. 226) <strong>em</strong> favor <strong>de</strong> uma construção<br />

contextualizada dos acontecimentos. O jornalismo literário daria, assim,<br />

sua parcela <strong>de</strong> contribuição à escritura da história (PENA, 2006a;<br />

PEREIRA LIMA, 2004). O autor não explica, no entanto, o que seria o<br />

literário no jornalismo, uma vez que o que ele coloca são técnicas e<br />

procedimentos que pertenc<strong>em</strong> ao domínio das práticas jornalísticas.<br />

Para Cristiane Costa (2005) não se trata <strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezar a<br />

fórmula tradicional das práticas jornalísticas, mas reformulá-la a fim <strong>de</strong><br />

ampliar os tradicionais qu<strong>em</strong>, que, como, quando, on<strong>de</strong>, e por quê? –<br />

base da pirâmi<strong>de</strong> invertida e do jornalismo cont<strong>em</strong>porâneo – e adaptá-los<br />

a um mo<strong>de</strong>lo narrativo <strong>de</strong> jornalismo que permitiria a elaboração <strong>de</strong> um<br />

texto mais complexo: “Dessa forma ‘qu<strong>em</strong>?’ vira sinônimo <strong>de</strong><br />

personag<strong>em</strong>; ‘o quê?’, <strong>de</strong> plot; ‘on<strong>de</strong>?’, <strong>de</strong> cenário; ‘quando?’, <strong>de</strong><br />

contexto; ‘por quê?’, <strong>de</strong> leitmotiv; ‘como?’, <strong>de</strong> forma”. (p. 272) A<br />

adaptação proposta por Costa, <strong>em</strong>bora plausível, <strong>de</strong>ixa lacunas. Ela não<br />

esclarece, por ex<strong>em</strong>plo, o que enten<strong>de</strong> por forma. Nas perguntas do lead,<br />

o como diz respeito ao referente, ou seja, às circunstâncias <strong>em</strong> que o fato<br />

37 A nosso ver, as fontes primárias não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser ignoradas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não sejam as únicas<br />

fontes ouvidas.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!