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Literatura e Jornalismo: Fato e ficção em Abusado e Cidade de Deus

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Outro <strong>de</strong>sbravador, <strong>de</strong>sta vez do território urbano, seria João<br />

do Rio. Sua contribuição consiste na observação <strong>de</strong>talhada da realida<strong>de</strong>,<br />

na coleta <strong>de</strong> informações, na <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> ambientes, no ritmo narrativo<br />

concentrado que consegue ultrapassar o t<strong>em</strong>po jornalístico imediato. A<br />

contextualização, a busca <strong>de</strong> antece<strong>de</strong>ntes e a humanização, presentes<br />

<strong>em</strong> suas crônicas, completam o retrato da transformação carioca no início<br />

do século XX.<br />

João do Rio trata <strong>de</strong> t<strong>em</strong>as como a pobreza e a miséria, a<br />

exploração das classes trabalhadoras, a imigração, a vida dos presos, as<br />

drogas que contrastavam com o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong> um Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro urbanizado na virada do século. Em suas crônicas, utilizou<br />

técnicas da imprensa norte-americana da época, como a reportag<strong>em</strong> e a<br />

entrevista, que só por volta <strong>de</strong> 1940 seriam incorporadas ao jornalismo<br />

brasileiro. Ao optar pela observação participante, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nha a crônica <strong>de</strong><br />

gabinete, <strong>de</strong>snuda a alma das ruas e “constrói sobre o momento a história<br />

do presente” (MEDINA, 1988, p. 58).<br />

A história da mo<strong>de</strong>rna crônica no Brasil se mistura com a<br />

própria história da imprensa, e os escritores foram os responsáveis por<br />

seu <strong>de</strong>senvolvimento nos jornais. Do início do século XIX, quando<br />

começou a figurar nos periódicos – um ex<strong>em</strong>plo notório são as crônicas<br />

<strong>de</strong> Lopes da Gama n’O Carapuceiro –, à sua sedimentação, mais tar<strong>de</strong>,<br />

com Machado <strong>de</strong> Assis, Lima Barreto e João do Rio, <strong>de</strong> sua trajetória com<br />

os mo<strong>de</strong>rnistas e her<strong>de</strong>iros do mo<strong>de</strong>rnismo que povoaram as redações às<br />

paginas eletrônicas <strong>de</strong> blogs e jornais, a crônica s<strong>em</strong>pre pareceu apontar<br />

ao leitor a relação entre literatura e jornalismo.

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