21.05.2014 Views

Literatura e Jornalismo: Fato e ficção em Abusado e Cidade de Deus

Literatura e Jornalismo: Fato e ficção em Abusado e Cidade de Deus

Literatura e Jornalismo: Fato e ficção em Abusado e Cidade de Deus

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

90<br />

O saber <strong>de</strong> reconhecimento correspon<strong>de</strong> à aptidão <strong>em</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificar, a partir dos critérios <strong>de</strong> noticiabilida<strong>de</strong>, os fatos que têm valor<br />

<strong>de</strong> notícia. Correspon<strong>de</strong> a uma visão <strong>de</strong> mundo que, <strong>de</strong> acordo com<br />

Nelson Traquina, “é estruturada <strong>em</strong> pólos opostos: o b<strong>em</strong> e o mal, o pró e<br />

o contra, etc.” (p. 47) e respon<strong>de</strong> a perguntas que reflet<strong>em</strong> a preocupação<br />

com o imediato e a busca do novo, numa visão t<strong>em</strong>poralmente limitada,<br />

que “sofre <strong>de</strong> miopia” (p. 48). Ressalte-se que o jornalismo não é feito<br />

apenas <strong>de</strong> fatos novos, porque os acontecimentos não segu<strong>em</strong> a<br />

t<strong>em</strong>poralida<strong>de</strong> imediata da mídia, mas segu<strong>em</strong> seu curso, cíclico ou<br />

contínuo. O que ocorre é que a comunida<strong>de</strong> jornalística no seu culto à<br />

novida<strong>de</strong> “veste como novos fatos que <strong>em</strong> verda<strong>de</strong> não o são.” (SERVA,<br />

2001, p. 123).<br />

O saber <strong>de</strong> procedimento consiste no domínio da maneira <strong>de</strong><br />

agir diante do fato: a que fontes recorrer para melhor apuração, como<br />

lidar com as fontes, que dados recolher, como checar os dados e como<br />

interpretá-los 49 . O jornalismo lida com a concretu<strong>de</strong> do mundo e isso<br />

acaba acentuando o perfil pragmático dos jornalistas, “conhecedores nãoteóricos<br />

que <strong>de</strong>pend<strong>em</strong> <strong>de</strong> um contato, concreto, <strong>em</strong> primeira mão,<br />

instintivo, com os acontecimentos.” (TRAQUINA, 2005, p. 44).<br />

O saber <strong>de</strong> narração correspon<strong>de</strong> à competência <strong>de</strong> reunir as<br />

informações e organizá-las, <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po hábil, num texto que seja atraente,<br />

informativo e interessante. Como prática discursiva abrangente – que se<br />

dispõe a atingir o maior número <strong>de</strong> pessoas, ultrapassando fronteiras<br />

regionais, geracionais, políticas, <strong>de</strong> classe social etc. –, a linguag<strong>em</strong><br />

jornalística apresenta marcas linguísticas que privilegiam a comunicação<br />

rápida e direta, caracterizada por: “a) frases curtas; b) parágrafos curtos;<br />

c) palavras simples (evitar palavras polissilábicas); d) uma sintaxe direta e<br />

49 Traquina <strong>de</strong>staca as principais perguntas relacionadas ao saber <strong>de</strong> procedimento: “Como<br />

verificar os fatos?; Qu<strong>em</strong> contactar?; Qu<strong>em</strong> são as fontes?; Que perguntas colocar?; Como<br />

compreen<strong>de</strong>r certas respostas?” (2005, p. 43).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!