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digitais - Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE - PPGL ...

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Havendo, conforme 0 pr6prio Bataille, tres formas <strong>de</strong> erotismo - 0 dos corpos, 0<br />

dos corac;5es e 0 sagrado - po<strong>de</strong>mos encontni-Ios na poesia <strong>de</strong> Gilberto Mendonc;a Teles<br />

separados, ou pelo contnirio, numa especie <strong>de</strong> fusao que nao <strong>de</strong>ixa perceber on<strong>de</strong><br />

termina 0 erotismo dos corpos, on<strong>de</strong> se inicia 0 erotismo dos corac;5es, ou on<strong>de</strong> se fun<strong>da</strong><br />

o erotismo sagrado. Alguns po<strong>em</strong>as <strong>de</strong> & Cone <strong>de</strong> Sombras ating<strong>em</strong> esse nivel <strong>de</strong> fusao,<br />

muito mais elaborado que <strong>em</strong> Plural <strong>de</strong> Nuvens on<strong>de</strong> ha uma predominancia<br />

do erotismo<br />

dos corpos. No po<strong>em</strong>a 0 Indio (48), <strong>de</strong> & Cone <strong>de</strong> Sombras, nas estrofes que<br />

comp5<strong>em</strong> a terceira parte, v<strong>em</strong>os claramente esse tipo <strong>de</strong> fusao: 0 indio que se distrai na<br />

conversa <strong>de</strong> amor se transforma no pr6prio Deus <strong>de</strong>le , Tupa , colocado <strong>em</strong> minuscula<br />

no po<strong>em</strong>a, pois que a ele se igualou. Como urn indio, utiliza-se dos cinco sentidos para<br />

captar a essencia <strong>da</strong>s coisas, resumi<strong>da</strong> numa s6 palavra: "tudo". Esse tudo que e<br />

transformar-se<br />

<strong>em</strong> Deus, tocar e ser tocado pelas coisas <strong>da</strong> natureza:<br />

"Sou capaz <strong>de</strong> escutar 0 v60 do inseto<br />

e a can9fio <strong>da</strong> s<strong>em</strong>ente germinando;<br />

meu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> captar 0 longiperto<br />

me transjorma <strong>em</strong> tupfi, <strong>de</strong> vez <strong>em</strong> quando. "<br />

Dos cinco sentidos visiveis neste texto e <strong>em</strong> tantos outros <strong>de</strong> Gilberto Mendonc;a<br />

Teles, 0 tato e 0 mais aguc;ado. E como se ele conseguisse por ele a sintese <strong>de</strong> todos os<br />

outros: as extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong>s do corpo - a ponta, s<strong>em</strong>pre - transforma-se <strong>em</strong> olho, <strong>em</strong> lente <strong>de</strong><br />

aumento e <strong>de</strong> transporte para 0 al<strong>em</strong> do palpavel, do "s<strong>em</strong>-nivel" que <strong>de</strong>s<strong>em</strong>boca nessa<br />

paixao dos sentidos in-domaveis. Esses mesmos sentidos que 0 faz<strong>em</strong> sentir-se urn Deus,<br />

tamb<strong>em</strong> 0 tranforma <strong>em</strong> hom<strong>em</strong>. E, hom<strong>em</strong> sendo, <strong>de</strong>ixa-se tocar e ser tocado pelas<br />

coisas mun<strong>da</strong>nas:<br />

"Pelas pontas dos <strong>de</strong>dos e que enxergo<br />

o outro lado <strong>da</strong>s coisas - 0 s<strong>em</strong>-nivel,<br />

a imag<strong>em</strong> veludosa com seu verbo,<br />

seu corte <strong>de</strong> navalha no invisivel.<br />

(..)

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