digitais - Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE - PPGL ...

1.40 ESPAC;O ALEM DA MAsCARA DO TEMPO
o esparyo que se forma na poetica telesiana depende, basicamente,
das oscilary5es
temporais. Urn tempo duvidoso e suspensivo, cheio de 'ses' e 'quandos', de 'aindas' e
'depois', de 'talvez'. 0 instantaneo poetico em Gilberto Mendonya Ieles e dificil de
precisar. E permeado por uma anglistia de querer viver intemalizando as coisas que lhe
sao preciosas e que existem no espayO extemo a sua volta. E 0 tempo e 0 espayO real do
poeta interpondo-se ao tempo e espayO poetico com todas as referencias cotidianas. Nao
se trata de uma relac;ao puramente autobiognilica, mas de uma experiencia de vida
embutida no ate criador. 0 que ocorre na poesia telesiana e urn fenomeno denorninado
par Maingueneau 1 de "Bio/grafta", isto e, quando 0 escritor consegue inserir a sua
experiencia de vida na obra de forma criativa. De modo que podemos ver no texto
telesiano a sua vida de professor,
de critico, de poeta, de amante de tudo 0 que faz,
especialmente. A sua vida subscrita em sua poesia, vida esta, "dilacerada pela
exigencia de criar, em que 0 espelho ja se encontra na existencia que deve refletir. "
Quando tomamos, por exemplo, a segunda parte de Plural de Nuvens, No Curso
dos Dias, vemos a ansiedade cotidiana do poeta tentando apreender as coisas a sua volta.
A fluidez cotidiana faz que sintamos a poesia de Gilberto Mendonya Teles dentro dessa
dimensao dupla: e referencial e metaf6rica.
0 curso dos dias, com seus acontecimentos
dividem-no na hora de compor e de ocupar os espayOS e 0 tempo poetico. Mas a
tendencia e a fuga dos espac;os reais, de po-Ios em contato com 0 tempo
mitico, de tambem mitifica-los. No Curso dos Dias, temos urn tempo a correr de
encontro a urn espac;o real que permanece na memoria do poeta, para se presentificar e,