digitais - Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE - PPGL ...

timida e pudiea,
a que sempre pica
aforma da mao. "
No
poema erotico que quer compor nao cabe qualquer palavra e, para ter acesso
it melhor, ele e capaz de exceder os seus limites, de dar a vida, 0 seu maior bem e 0
melhor de sua criayao poetica, que e 0 ritmo, capaz de produzir no corpo de linguagem
os movimentos de erotismo e sensualidade que 0 corpo feminino exige quando em
contato com 0 corpo masculino. Basta relacionar, por exemplo, a quantidade de
palavras proparoxitonas. 0 uso dessas palavras - grafteo, erotieo, numero, lirieo,
mascaras, limpidas, estatistieas, jambieas, indices, datilieos, formulas, extases, logica,
erogena, intimo, timida, digrafo, umidos - imprimem no poema urn ritmo intenso e
breve, 'cioso' de querer representar 0 movimento dos corpos amantes no corpo de
linguagem. E, no subir e descer no calor da orgia, vemos 0 ritmo intense e breve
influenciando a estrutura formal do poema e ate mesmo a sua disposiyao no centro da
pagina: uma representayao
do falo que se alonga, que se distende e seduz, incontinente,
como no Erotica I. Esse ritmo e essa disposiyao na pagina desenha no poema 0 que
Alfredo Bosi 29
chama de "estrato para-semantieo da existencia corpora!", momento em
que 0 poema passa a ter uma fisionomia a partir de sua forma, de seus sons e ritmos, de
suas modulayoes e imagens.
As imagens eroticas que se formam tanto em ErOtica I quanto em ErOtica II
fazem parte de uma rede de imagens que percorre toda a poesia de Gilberto Mendonya
Teles e se define neste ultimo poema como "mulher-palavra". Ela existe em sua poesia
em forma de sonho, de devaneio,
como urn "Sonherna" (56): algo que lhe vem em
sonho, it noite, e se transforma em poema, em corpo de linguagem. Corpo, para ele,
feminino, posto que com ele mantem uma relayao amorosa e sensual. Em Por urn Triz
(84), de Plural de Nuvens, Gilberto Mendonya Teles coloca entre parenteses uma estrofe