21.05.2014 Views

digitais - Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE - PPGL ...

digitais - Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE - PPGL ...

digitais - Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE - PPGL ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A regulari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> construyao e marca<strong>da</strong> pela estrutura do po<strong>em</strong>a, que se distribui<br />

<strong>em</strong> sels quartetos octossilabicos. Feita <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> lei, a casa se ergue,<br />

s<strong>em</strong> ser compartimenta<strong>da</strong> como a <strong>de</strong> Plural <strong>de</strong> Nuvens, s<strong>em</strong> limites horizontais que a<br />

<strong>de</strong>marqu<strong>em</strong>. Apenas 0 telhado, 0 chao<br />

e uma janela ( olho magico e mistico ) posta <strong>em</strong><br />

lugar in<strong>de</strong>terrninado. A preocupayao do poeta liga-se diretamente it parte mais alta do<br />

telhado - cumeeira - nas tres primeiras estrofes, e ao chao. Principalmente ao que <strong>de</strong>le<br />

po<strong>de</strong> brotar - palavra - e se fazer resistente, portentosa, nas tres ultimas estrofes.<br />

Mais uma vez Gilberto Mendonya Teles retoma as imagens ja utiliza<strong>da</strong>s<br />

anteriormente<br />

- ceu, asa, sol, chao - para reiterar a sua realizayao pela poesia. Seguindo<br />

Mircea Elia<strong>de</strong> (1977: 294), quando se refere ao par primordial Ceu-Terra, po<strong>de</strong>mos<br />

dizer que tal representayao<br />

na poetica telesiana, <strong>em</strong> particular nos po<strong>em</strong>as cujo t<strong>em</strong>a e a<br />

casa, liga a Terra ao mais profun<strong>da</strong> <strong>de</strong> seu ser poetico, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> ele faz brotar 0 Ser <strong>de</strong><br />

palavras, que 0 impulsiona para 0 alto. Pela palavra apreendi<strong>da</strong><br />

"algo se diI ", ocorrendo<br />

assim 0 momenta transcen<strong>de</strong>ntal que 0 eleva ao Ceu, it luz do conhecimento pleno. E <strong>da</strong><br />

Terra - "chao batido"- que surge a sombra e 0 cheiro <strong>da</strong> palavra, interpondo-se num<br />

jogo ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> claro e escuro, ain<strong>da</strong> s<strong>em</strong> autonomia, s<strong>em</strong> contomos pr6prios. Para<br />

<strong>de</strong>senlaya-Ia <strong>de</strong>sse chao 0 poeta encontra uma sai<strong>da</strong>: a musica <strong>da</strong> flauta e presa pelo<br />

"novelo" ( fio <strong>de</strong> Ariadne ), que se encarrega <strong>de</strong> aju<strong>da</strong>-Ia a sair, <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r-se do "ermo<br />

<strong>da</strong> materia", fazendo-se sucinta, existindo. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> percebe-se aqui todo urn jogo<br />

que impulsiona a palavra a <strong>de</strong>sligar-se<br />

do mundo <strong>da</strong>s sombras para chegar por fim a se<br />

tomar<br />

essencia, a ser.<br />

o po<strong>em</strong>a 2, trata <strong>da</strong> casa ja como habitayao. 0 sujeito <strong>da</strong> enunciayao passa viver<br />

naquele espayo e busca a a<strong>da</strong>ptayao. Redobrado, este passa a perceber-se num espayo<br />

restrito e chega a consciencia <strong>de</strong> sua provisorie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

como ser t<strong>em</strong>poral que e. Isso nos<br />

envia para a filosofia hei<strong>de</strong>ggeriana <strong>da</strong> finitu<strong>de</strong> ll . Acuado <strong>em</strong> seu espayo, sente-se<br />

estranho, experimenta a sensayao do duplo jogo ser-nao-ser. Da casa ele mentaliza 0 que<br />

nao e, s<strong>em</strong> conseguir viver 0 que e. A transparencia <strong>da</strong>s pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vidro perrnite a<br />

transcen<strong>de</strong>ncia<br />

do ser que se espr<strong>em</strong>e ao ser que se exprime. Pela expressao 0 sujeito <strong>da</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!