digitais - Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE - PPGL ...
digitais - Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE - PPGL ...
digitais - Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE - PPGL ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
encontros, 0 que possibilita a renovac;ao do <strong>de</strong>sejo, a angustia <strong>de</strong> esperar a sua<br />
concretizac;ao e novamente a sua morte perante 0 silencio instaurado a partir do encontro<br />
possivel, como ocorre <strong>em</strong> Do Amor-te (46), on<strong>de</strong> 0 poeta utiliza os verbos, quase todos<br />
<strong>em</strong> sua forma nominal, para <strong>de</strong>marcar a et<strong>em</strong>i<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
que e a espera <strong>da</strong> realizac;ao do amor,<br />
aqui no po<strong>em</strong>a entendido <strong>em</strong> tres esferas a saber: 0 amor dos corpos, 0 amor <strong>da</strong> alma e 0<br />
amor pela poesia:<br />
"Tudo que tenho, que ja fiz ou fafo<br />
e saber te esperar, ficar tranqiiilo<br />
viver equilibrando t<strong>em</strong>po e espafo,<br />
tentando versos, r<strong>em</strong>oendo estilo. "<br />
A anglistia <strong>de</strong> esperar algo que po<strong>de</strong> nao se concretizar<br />
se disfarc;a no corpo do<br />
texto atraves <strong>da</strong> tranqiiili<strong>da</strong><strong>de</strong> aparente, do equilibrio <strong>de</strong>monstrado externamente. Mas 0<br />
ato <strong>da</strong> espera se transforma <strong>em</strong> espac;o <strong>de</strong> sugestao, 0 espac;o on<strong>de</strong> 0 poeta se transforma<br />
mesmo <strong>em</strong> voyeur <strong>de</strong> urn corpo que s6 se <strong>de</strong>ixa cont<strong>em</strong>plar<br />
por <strong>de</strong>ntro. De modo que<br />
ocorrendo 0 encontro dos corpos, 0 encontro <strong>da</strong> alma nao acontece, nao ha<br />
comunicac;ao, nao hi epifania possivel, uma vez que a sua imag<strong>em</strong> e imperceptivel,<br />
<strong>em</strong>bora ele a sinta grandiosa. Acontece nao s6 neste po<strong>em</strong>a, mas <strong>em</strong> todos on<strong>de</strong> 0<br />
silencio impera <strong>de</strong> 0 corpo <strong>da</strong> ama<strong>da</strong> apesar <strong>da</strong> fragmentac;ao visivel, tomar-se<br />
infinito<br />
aos olhos do poeta. Nas palavras <strong>de</strong> Octavio paz (1994: 183), 0 corpo abrac;ado<br />
intensifica as sensac;5es, fazendo com que haja a per<strong>da</strong> do corpo f<strong>em</strong>inino, isto e,<br />
"S6 po<strong>de</strong>mos pereeber a mulher ama<strong>da</strong> eomo forma que eseon<strong>de</strong><br />
uma alteri<strong>da</strong><strong>de</strong> irredutivel au como substaneia que se anula e nos anula".<br />
No po<strong>em</strong>a Do Filtro (47), 0 encontro dos corpos acontece, mas 0 prazer, 0 gozo<br />
e sorvido<br />
lentamente, e rara e a sua articulac;ao pela lingua que continua barra<strong>da</strong> pelo<br />
silencio, impedindo a expansao do amor que cresce, mas nao sai do casulo, por isso se<br />
toma inutil e distante. E entao tudo se <strong>em</strong>bota e 0 prazer e invali<strong>da</strong>do pelo silencio<br />
causador <strong>da</strong> magoa mingua, isto e, <strong>da</strong> carencia. Entra nessa invali<strong>da</strong>c;ao do prazer