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digitais - Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE - PPGL ...

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Nesse sentido, 0 poeta, no seu fazer puramente individual, vale-se <strong>da</strong><br />

expressivi<strong>da</strong><strong>de</strong> sonora <strong>da</strong>s vogais e consoantes para <strong>de</strong>ixar exalar a voluptuosi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

atraves <strong>de</strong> representayoes que envolv<strong>em</strong> os sentidos e os nao-sentidos que <strong>da</strong> palavra se<br />

possa <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r.<br />

Jose L<strong>em</strong>os Monteiro(1991:99)<br />

ao analisar 0 simbolismo fonetico mostra que os<br />

movimentos <strong>de</strong> articulayao produzidos pelos fon<strong>em</strong>as estao todos ligados as vibrayoes<br />

do organismo "que reage as <strong>em</strong>oc;oes ou sensac;oes". Seguindo, <strong>de</strong>sse modo, 0<br />

pensamento <strong>de</strong> Merleau-Ponty (1971), para qu<strong>em</strong> as palavras exprim<strong>em</strong> a essencia<br />

<strong>em</strong>ocional dos objetos que representam<br />

Urn inventario <strong>da</strong> expressivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e nao a sua exteriori<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

fonetica na poesia <strong>de</strong> Gilberto Mendonya Teles<br />

nos leva a par 0 ouvido a escuta <strong>de</strong>ssa voz alta que nos surpreen<strong>de</strong><br />

na busca <strong>da</strong> carne<br />

profun<strong>da</strong>. 0 som, a pele que conforma esse corpo, provoca as mais diversas sensayoes.<br />

Sendo 0 som urn dos componentes que mais contribui para a conformayao <strong>de</strong>sse corpo,<br />

po<strong>de</strong>mos recorrer aos estudos <strong>de</strong> L<strong>em</strong>os Monteiro, acima citado, para confronto e<br />

constatayao <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> poesia telesiana. A comeyar pelas vogais, ha, <strong>em</strong> seus po<strong>em</strong>as<br />

analisados uma predominancia niti<strong>da</strong> do uso <strong>da</strong> vogal nasala<strong>da</strong> a sugerir distanciamento e<br />

uma certa melancolia <strong>em</strong> relayao as coisas que acontec<strong>em</strong> a sua volta. E 0 caso aqui <strong>de</strong><br />

citarmos como ex<strong>em</strong>plo urn trecho do po<strong>em</strong>a Ars Longa (9), <strong>de</strong> Plural <strong>de</strong> Nuvens, on<strong>de</strong><br />

o poeta constata e lamenta 0 distanciamento<br />

entre 0 t<strong>em</strong>po e a vi<strong>da</strong>:<br />

"Quando olho a fundura <strong>de</strong> um poc;o <strong>de</strong> sombras<br />

e vejo a linha se esticando na fisga<strong>da</strong>,<br />

comec;o a perceber que 0 t<strong>em</strong>po ficou boiando<br />

num r<strong>em</strong>anso <strong>de</strong> espuma e re<strong>de</strong>moinhos. "<br />

ou como no po<strong>em</strong>a Regresso (79), <strong>de</strong> & Cone <strong>de</strong> Sombras quando 0 efeito <strong>de</strong><br />

distanciamento<br />

se intensifica pelo uso do anaf6rico, s<strong>em</strong>pre ligado a palavra com vogal<br />

nasala<strong>da</strong> - cavando, tranc;ando, compondo,<br />

criando - ate que 0 sentido <strong>da</strong> palavra salta<br />

<strong>de</strong> urn passado referido a algo que se presentifica, a medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que se eterniza na<br />

penultima estrofe do po<strong>em</strong>a:

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