digitais - Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE - PPGL ...

Iinguagem fixo - soneto decassihibico - urn corpo que 0 convida a repetiyoes dos
mesmos gestos, numa tentativa de entender 0 indizivel da re1ayao amorosa, com todas as
significayoes tateis e a suavidade e Ieveza que os momentos de amor pedem. Mas a
muIher torna-se fluida e foge ao seu controIe, 0 que 1he aumenta 0 desejo. Desejo este
que circu1a pe10 texto osci1ando entre a sexualidade e a textualidade, onde 0 sujeito da
enunciayao vem completar esse jogo, impondo-se ao objeto desejado, cuja senha aparece
no primeiro verso do poema - eIa, peixe, escorregadia;
eIe, poIvo, a querer aprisiomi-Ia
em seus tentaculos. E a partir dai que se desenvolve 0 jogo erotico. 0 poeta Ianya mao
de toda uma cadeia significante a seu favor - ponta dos dedos, ponta da lingua, ponta de
lam;a, ponta dos pes - para compor
0 que mais Ihe intriga que e 0 silencio feminino.
Lacanianamente
dizendo, 0 sujeito da enunciayao uti1iza-se do significante falico como
razao do desejo, primeiro como uma necessidade que Ihe e inerente; depois, como
demanda, transformando-se em prova de amor. Duas coisas que no poema se encontra
bem dividido. Ha 0 desejo como necessidade
no verso 8, "como coisas que como e
quero mais", e 0 desejo como demanda, quando da presenya da amada no verso 14,
"estas cenas de amor que pedem bis". Porem, Lacan (1988) assegura que 0 desejo nao
esta nem na necessidade nem na demanda: nao e Hnem 0 apetite da satisfar;iio, nem a
demanda de amor, mas a diferenr;aque resulta da subtrar;iiodo primeiro it segunda, 0
fen6meno mesmo de sua clivagem". Pesquemos, entao, no texto, 0 momento des sa
clivagem, onde nessa triangulayao - sexuaiidade/textualidade/sujeito da enunciayao - se
da a diferenya, que e 0 exato momenta
da criayao poetica, pe10 que se da como causa do
mesmo nos versos 12 e 13:
HE na ponta dos pes que metrifico
compondo 0 teu silblCio - este soneto, "
A causa do desejo na poetica telesiana e atingir a perfeiyao atraves da apreensao
da pa1avra pura, essa que, tendo-a ante os olhos, nao a quer para urn amor p1at6nico,